guimarães rosa - Academia Mineira de Letras
guimarães rosa - Academia Mineira de Letras
guimarães rosa - Academia Mineira de Letras
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
130 _______________________________________________ REVISTA DA ACADEMIA MINEIRA DE LETRAS<br />
A <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Mineira</strong> <strong>de</strong> <strong>Letras</strong>, em vésperas <strong>de</strong> completar 100 anos, é uma<br />
Casa em que ninguém bate nossa carteira, composta <strong>de</strong> pessoas que se <strong>de</strong>stacaram,<br />
<strong>de</strong> uma ou <strong>de</strong> outra forma, no cenário mineiro. Quando fui eleito, em<br />
1995, costumava dizer que os acadêmicos eram escolhidos por seu peso<br />
intelectual, por seu peso político, isto é, por sua expressão na administração<br />
pública estadual e fe<strong>de</strong>ral, ou por seu próprio peso. No meu caso, por volta <strong>de</strong><br />
130kg. Resumindo: somos 40 acadêmicos e há, nas calçadas, nas ruas, nas<br />
estradas, nos 853 municípios <strong>de</strong> Minas 20 milhões <strong>de</strong> mineiros falando mal da<br />
Instituição, mas doidos para nela ingressar.<br />
Você costuma acompanhar as ativida<strong>de</strong>s acadêmicas?<br />
Eu gostaria <strong>de</strong> acompanhar as ativida<strong>de</strong>s acadêmicas <strong>de</strong> perto: mu<strong>de</strong>i-me<br />
<strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora para Belo Horizonte pensando secretariar, ajudar o muito<br />
saudoso Vivaldi Moreira, mas trabalho tanto, em diversos empregos – Estado<br />
<strong>de</strong> Minas, Correio Braziliense, revista A Granja, rádio e TV (noves fora livros<br />
<strong>de</strong> encomenda, discursos etc.) que pouco posso participar das ativida<strong>de</strong>s<br />
acadêmicas. Quando participo, levo meu uísque: não me dou bem com o chá.<br />
Quem são seus autores prediletos – influências ou não.<br />
Em língua portuguesa, Eça <strong>de</strong> Queirós. No gênero crônica, uma porção<br />
<strong>de</strong> gente. Fiquemos com os estrangeiros para não ferir suscetibilida<strong>de</strong>s, porque<br />
no Brasil existem “cronistas” que fazem tudo – omeletes, feijoadas, caipirinhas<br />
– menos crônicas. Entre os estrangeiros <strong>de</strong>staco Bill Bryson, Mattew Shirts e o<br />
diabo <strong>de</strong> um Coutinho, português <strong>de</strong> 34 anos que escreve na Folha.<br />
Na literatura atual, você <strong>de</strong>stacaria algum nome?<br />
Vários, com ênfase para Zé Rubem Fonseca, porque vive quieto e não<br />
faz noites <strong>de</strong> autógrafos. Tenho horror às noites <strong>de</strong> autógrafos. Penitencio-me<br />
das muitas que <strong>de</strong>i. Se pu<strong>de</strong>sse, pediria perdão, <strong>de</strong> joelhos, aos amigos que tirei<br />
<strong>de</strong> suas casas nas minhas noites <strong>de</strong> autógrafos. Se fosse religioso, mandaria<br />
rezar missas pelos amigos que morreram, não propriamente durante os meus<br />
autógrafos, mas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>les.<br />
O que é mais difícil, escrever livros ou a obrigação regular <strong>de</strong> criar<br />
crônicas jornalísticas (se é que é possível fazer esta comparação)?