guimarães rosa - Academia Mineira de Letras
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Guimarães Rosa: o sertão e o homem ______________________________________ Luiz Au<strong>de</strong>bert Delage Filho 121<br />
brinquedo. As façanhas – a travessia do “Liso do Sussuarão”, por exemplo –<br />
em que fracassara o Gran<strong>de</strong> Chefe, paradigma <strong>de</strong> todos, ele a realiza tranqüilo.<br />
Tem, <strong>de</strong>pois do pacto, a armadura, a envergadura do super-homem. Antes, que<br />
era? O protótipo do herói problemático, dilacerado entre terríveis contradições.<br />
Ana Nhorinhá, polo <strong>de</strong> atração erótica – pensa que com a doce prostituta<br />
po<strong>de</strong>ria unir-se para sempre. Chega a perguntar: ela o queria salvar? Mas ama<br />
OTACÍLIA, visão branca <strong>de</strong> paz, longínqua, romanticamente <strong>de</strong>sejada. E ama,<br />
numa tremenda confusão <strong>de</strong> sentimentos, Diadorim – atração e repulsa: ignora,<br />
ainda, que Diadorim é mulher – o mito da mulher vestida <strong>de</strong> guerreiro.<br />
Pacto feito, comando assumido, guerra travada para ser <strong>de</strong> extermínio<br />
dos “Hero<strong>de</strong>s Hermógenes”, à hora do combate <strong>de</strong>finitivo, no entrevero do<br />
Paredão, Riobaldo ausenta-se da luta. Apenas da janela do sobrado assiste ao<br />
duelo entre Diadorim e Hermógenes, no qual morrem os dois. Eis que é quando<br />
<strong>de</strong>scobre que Diadorim, filha <strong>de</strong> Joca Ramiro, po<strong>de</strong>ria ser seu amor, no normal,<br />
amor nascido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a misteriosa atração, nas margens do São Francisco, na<br />
barra do “<strong>de</strong> Janeiro” on<strong>de</strong> começara a estória.<br />
Alan Viggiano, no Itinerário <strong>de</strong> Riobaldo Tatarana, i<strong>de</strong>ntifica e localiza<br />
180 das quase 230 localida<strong>de</strong>s citadas em Gran<strong>de</strong> Sertão: Veredas, como<br />
etapas da odisséia <strong>de</strong> Riobaldo pelo Sertão. Com a rápida expansão do sistema<br />
rodoviário iniciada <strong>de</strong>pois da construção <strong>de</strong> Brasília, muitos trechos <strong>de</strong>sse<br />
mundo fechado, lendário <strong>de</strong> tão inacessível, ficaram <strong>de</strong>ntro do alcance do<br />
viajante comum. A vereda do Tamanduá, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>u o primeiro recontro dos<br />
bandos <strong>de</strong> Riobaldo e Hermógenes fica, segundo afirma Alan, a poucos<br />
quilômetros da estrada Brasília-Belo Horizonte. Talvez, acrescenta, “num<br />
futuro não muito distante se organizem excursões turísticas aos pontos essenciais<br />
do universo rosiano”.<br />
As principais cida<strong>de</strong>s compreendidas no território perlustrado por<br />
Riobaldo Tatarana, enumeradas por Viggiano, são: Sete Lagoas; Curvelo;<br />
Corinto; Lassance; Várzea da Palma (Córrego do Batistério); Pirapora; Montes<br />
Claros; Brasília <strong>de</strong> Minas; São Romão; São Francisco; Januária; Monte Azul;<br />
Grão Mogol; Araçuai; Jequitaí, e evi<strong>de</strong>ntemente o município <strong>de</strong> Buritizeiro,<br />
on<strong>de</strong> se localiza o distrito <strong>de</strong> Paredão <strong>de</strong> Minas.<br />
Outras localida<strong>de</strong>s são citadas, ou pelas antigas <strong>de</strong>nominações, ou pelos<br />
nomes atuais, pois conforme lamenta o narrador, os lugares não <strong>de</strong>veriam<br />
mudar <strong>de</strong> nome, para garantia dos que neles nasceram, e exemplifica: São<br />
Romão não já foi Vila Risonha?<br />
São citados: Córrego do Batistério (em Várzea da Palma); Serra da Onça;<br />
Rio Jequitaí; Córrego do Mocambo: Córrego do Canabrava; Córrego Barra (ou