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guimarães rosa - Academia Mineira de Letras

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Guimarães Rosa: o sertão e o homem ______________________________________ Luiz Au<strong>de</strong>bert Delage Filho 123<br />

preocuparam em realizar sua obra através <strong>de</strong> uma redução da ficção à pesquisa<br />

formal e <strong>de</strong> linguagem, e se voltam para “os seus instrumentos <strong>de</strong> trabalho”.<br />

Em Gran<strong>de</strong> Sertão: Veredas, a palavra per<strong>de</strong>u sua característica <strong>de</strong><br />

termo, entida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contorno unívoco, para converter-se em plurissigno, realida<strong>de</strong><br />

multissignificativa, policonotativa. A língua Rosiana <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser unidimensional,<br />

convertendo-se em idioma no qual os objetos flutuam numa atmosfera<br />

em que o significado <strong>de</strong> cada coisa está em contínua mutação.<br />

A palavra “Sertão”, por exemplo, é apresentada como: realida<strong>de</strong> geográfica;<br />

realida<strong>de</strong> social; realida<strong>de</strong> política; dimensão folclórica; dimensão psicológica<br />

conectada com o subconsciente humano; dimensão metafísica apontando<br />

para as surpreen<strong>de</strong>ntes virtualida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>moníacas da alma humana; dimensão<br />

ontológica referida à solidão existencial; tendo pois infinitas possibilida<strong>de</strong>s<br />

significativas.<br />

Algumas citações sobre o Sertão:<br />

“O senhor tolere, isto é o sertão. Uns querem que não seja: que situado<br />

sertão é por os campos-gerais a fora a <strong>de</strong>ntro, eles dizem, fim <strong>de</strong> rumo, terras<br />

altas, <strong>de</strong>mais do Urucuia. Toleima. Para os <strong>de</strong> Corinto e do Curvelo, então, o<br />

aqui não é dito sertão? Ah, que tem maior. Lugar sertão se divulga: é on<strong>de</strong> os<br />

pastos carecem <strong>de</strong> fechos; on<strong>de</strong> um po<strong>de</strong> torar <strong>de</strong>z, quinze léguas, sem topar<br />

com casa <strong>de</strong> morador; e on<strong>de</strong> criminoso vive seu cristo-jesus, arredado do<br />

arrocho <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>”. (pg 9)<br />

... “No sertão, até enterro simples é festa.”<br />

... “O sertão é do tamanho do mundo.”<br />

... “Sertão é o penal, criminal. Sertão é on<strong>de</strong> homem tem <strong>de</strong> ter a dura<br />

nuca e mão quadrada”.<br />

... “e muitas idas e marchas: sertão sempre. Sertão é isto: o senhor<br />

empurra para trás, mas <strong>de</strong> repente ele volta a ro<strong>de</strong>ar o senhor dos lados. Sertão<br />

é quando menos se espera; digo.”<br />

... “Sertão é <strong>de</strong>ntro da gente.”<br />

... “Homem a pé, esses Gerais comem.”

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