guimarães rosa - Academia Mineira de Letras
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122 _______________________________________________ REVISTA DA ACADEMIA MINEIRA DE LETRAS<br />
Barro); Serra da Jaíba; Angicos; Poço Triste; Gorutuba; Quem-Quem; Guararavacã<br />
do Guaicuí; Alto Amoipira; Malhada Gran<strong>de</strong>; Mingu; Brejo dos Mártires;<br />
Barra do Urucuia; Serra das Araras; Lagoa Suçuarana; Rio Pardo; Rio<br />
Acari; Rio Piratinga; Rio São Domingos.<br />
Mas é aos rios que o roteiro <strong>de</strong> Riobaldo Tatarana está sempre ligado. O<br />
São Francisco é o maior <strong>de</strong> todos, ponto <strong>de</strong> referência. O Paracatu e o das<br />
Velhas são rios importantes na vida do jagunço. Ao Urucuia “on<strong>de</strong> tanto boi<br />
berra”, ele está preso pelo amor. “... Confusa é a vida da gente. Como esse meu<br />
Urucuia vai se levar ao mar. Rio meu, <strong>de</strong> amor, é o Urucuia”.<br />
O itinerário dos cangaceiros (jagunços) procurava naturalmente fugir das<br />
gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s, on<strong>de</strong> havia proteção contra eles. Mas seu sonho é tomar <strong>de</strong><br />
assalto – bando <strong>de</strong> centenas, uma inteira, para provar seu po<strong>de</strong>rio. Pirapora ou<br />
Januária, por exemplo. No geral, entretanto, eles percorrem as barrancas dos<br />
rios – pelos quais se orientam – saqueando as pequenas vilas in<strong>de</strong>fesas ou<br />
cobrando dízimos dos fazen<strong>de</strong>iros.<br />
O legendário “Rio do Sono” é palco dos mais emocionantes episódios <strong>de</strong><br />
Gran<strong>de</strong> Sertão: Veredas. Nasce no sul do município <strong>de</strong> João Pinheiro, atravessa<br />
rumo ao norte todo esse município e vai <strong>de</strong>saguar no Rio Paracatu, na<br />
divisa com Buritizeiro, próximo à localida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paredão <strong>de</strong> Minas, vila que<br />
formou as gambiarras do combate final entre os dois bandos <strong>de</strong> cangaceiros, no<br />
final do romance.<br />
Demonstra Viggiano que, quem viaja, hoje, pela estrada asfaltada <strong>de</strong><br />
Belo Horizonte até Brasília, logo adiante da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> João Pinheiro, atravessará<br />
uma ponte sobre o Rio do Sono e sentirá, certamente, o clima emocional<br />
das histórias do escritor mineiro. E se o viajante largar a estrada e tomar o rio<br />
abaixo, vai passar nos fundos das casas <strong>de</strong> um lugar que ROSA imaginou para<br />
o combate final dos jagunços: Paredão. Hoje, Paredão <strong>de</strong> Minas, distrito <strong>de</strong><br />
Buritizeiro, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolvem atualmente as filmagens da Re<strong>de</strong> Globo.<br />
Sobre Guimarães Rosa, Alceu Amoroso Lima afirmou tratar-se <strong>de</strong><br />
“Autor absolutamente inqualificável, a não ser na categoria dos gênios, isto é,<br />
dos gran<strong>de</strong>s isolados”.<br />
Sérgio Buarque <strong>de</strong> Holanda, falando <strong>de</strong> e sobre Guimarães Rosa, dizia<br />
ter medo <strong>de</strong> tentar comparações e não diria, por isso, que a obra <strong>de</strong> G. R. é a<br />
maior da literatura brasileira <strong>de</strong> todos os tempos. Diria, porém, que nenhuma<br />
outra, <strong>de</strong> nenhum escritor, entre brasileiros, po<strong>de</strong> dar-lhe a mesma idéia <strong>de</strong><br />
tratar-se <strong>de</strong> criação absolutamente genial.<br />
Guimarães Rosa é consi<strong>de</strong>rado como integrante do Instrumentalismo,<br />
<strong>de</strong>ntro do Mo<strong>de</strong>rnismo, reunindo os escritores que, a partir <strong>de</strong> 1945, se