guimarães rosa - Academia Mineira de Letras

Teatro _______________________________________________
ALBEE:
HISTÓRIA DO ZOOLÓGICO
Jota Dangelo*
As peças de um ato, assim como os monólogos, com raras exceções,
nunca chamaram muito a atenção dos encenadores. Do mesmo modo, no final
da década de 50 do século passado, raramente era possível assistir a um
espetáculo de teatro com apenas dois personagens. E foi justamente em 59 que
Edward Albee escreveu The zoo story, uma pequena obra-prima, com apenas
dois personagens: Jerry, um jovem desajustado do mundo, vítima de uma
sociedade que se construiu com os olhos voltados para o lucro a qualquer
preço, e Peter, o representante desta mesma sociedade conformada, estável,
egoísta e sem qualquer vestígio de solidariedade humana. Talvez, por esta
razão mesma, a peça não estreou nos Estados Unidos, pátria de seu autor, mas
na Alemanha, em Berlim, num programa duplo: a outra peça, além de Zoo, era
Krapp’s last tape, de Samuel Beckett. O sucesso de Albee foi imediato e de
reconhecimento mundial. Nos Estados Unidos, logo apareceram os críticos que
o colocaram como sucessor de Arthur Miller, O´Neill e Tennesse Williams,
embora sua dramaturgia estivesse mais próxima de Harold Pinter e do próprio
Beckett.
A história do zoológico narra o encontro casual de Jerry e Peter num
local qualquer do Central Parque de New York. Peter está lendo o seu jornal
num dos bancos do parque e Jerry está vindo, segundo ele, do zoológico. A
intenção de Albee, neste diálogo, difícil de ser estabelecido, entre um
* Diretor teatral, ator, professor universitário aposentado, diretor do BDMG Cultural.