guimarães rosa - Academia Mineira de Letras

GUIMARÃES ROSA:
O SERTÃO E O HOMEM
Luiz Audebert Delage Filho*
Solicitou-me a direção do jornal A Semana, de Pirapora, escrevesse um
“breve ensaio” sobre Guimarães Rosa e sua obra-prima Grande Sertão:
Veredas, que está sendo adaptada para filmagens pela Rede Globo de Televisão,
numa grande parte do Norte de Minas e, em especial, no Distrito de
Paredão de Minas, onde teria ocorrido, no romance, às margens do legendário
Rio do Sono, a batalha final entre os grupos de jagunços na disputa da hegemonia
do sertão.
De um lado, Riobaldo, o herói antes problemático e depois resoluto,
chefiando o bando de Medeiro Vaz – “O Rei dos Gerais” – e de outro
Hermógenes, pactário, traidor de Joca Ramiro a quem matara traiçoeira e
covardemente, aliado a Ricardão, trazendo com isso a cisão do bando e
angariando, até o fim, o ódio mortal de Diadorim, filha de Joca Ramiro.
Ela, durante todo o romance é o jagunço Reinaldo, por quem Riobaldo
mantém uma atração amorosa, a todo custo sufocada, porque não admissível
entre... “homens de armas e brios”..., segredo que somente ao final se desvenda,
com Diadorim morta, em combate a faca com Hermógenes, a quem também
mata, vingando a morte do pai que a criara desde pequena como homem,
destinando-a às duras guerras do sertão. Na pia do batismo recebera o nome
Maria Deodorina da Fé Bettancourt Marins... “que nasceu para o dever de
guerrear e nunca ter medo, e mais para muito amar, sem gozo de amor”...
Difícil é sintetizar Guimarães Rosa e sua obra-prima Grande Sertão:
Veredas, pois o escritor e a obra devem ser enfocados sob o aspecto da
genialidade. Procurei valer-me, para desincumbência da tarefa, além de
* Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais.