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guimarães rosa - Academia Mineira de Letras

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Permanência <strong>de</strong> Cecília ________________________________________________________ Pe. Paschoal Rangel 145<br />

Chegaremos <strong>de</strong> mãos dadas,<br />

Tagore, ao divino mundo<br />

em que o amor eterno mora<br />

e on<strong>de</strong> a alma é o sonho profundo<br />

da <strong>rosa</strong> <strong>de</strong>ntro da aurora.<br />

Chegaremos <strong>de</strong> mãos dadas<br />

cantando canções <strong>de</strong> roda.<br />

E então nossa vida toda<br />

será das coisas amadas.<br />

Sabemos todos quanto Cecília foi atraída, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> muito jovem até o fim<br />

da vida, aos 63 anos, pela espiritualida<strong>de</strong> e pelo misticismo, cristão sem dúvida,<br />

mas também hindu e orientalista em geral. Um misticismo certamente poético,<br />

mas também religioso, no sentido próprio do termo. Justificando a influência <strong>de</strong><br />

Tagore no Brasil, na primeira meta<strong>de</strong> do século XX, ela observava que,<br />

“malgrado a diferente formação religiosa do autor” em relação à do povo<br />

brasileiro, “o Deus <strong>de</strong> Tagore é <strong>de</strong> tal modo Deus que se i<strong>de</strong>ntifica com o<br />

sentimento profundo <strong>de</strong> divinda<strong>de</strong>, próprio <strong>de</strong> todos os homens; e, assim,<br />

esquecidos <strong>de</strong> acessórios que por acaso os distraiam, os leitores <strong>de</strong> Tagore<br />

chegam diretamente à essência do pensamento do Poeta, na qual todos se<br />

encontram e da qual todos participam”, como está na “Apresentação” que fez<br />

<strong>de</strong> Çaturanga, <strong>de</strong> Rabindranath Tagore, para a Coleção dos Prêmios Nobel <strong>de</strong><br />

Literatura (Rio <strong>de</strong> Janeiro, Editora Delta, 1962, p. 80). Tagore foi seguramente<br />

o mais amado e admirado dos mestres orientais <strong>de</strong> Cecília Meireles. Dele<br />

traduziu muitos poemas e livros em p<strong>rosa</strong>. Sobre ele escreveu páginas lindas e<br />

comovidas, como “Um retrato <strong>de</strong> Rabindranath Tagore”, publicadas em<br />

Ca<strong>de</strong>rnos Brasileiros (18) Além da proximida<strong>de</strong> interior, eles – ele e ela – se<br />

aproximavam também pelos i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> vida.<br />

Cecília Meireles e Tagore (2)<br />

Radicalmente religioso e místico, além <strong>de</strong> ético por formação, Tagore<br />

cultivava, ao lado disso ou misturado com isso, sentimentos idílicos e sensações<br />

religiosas. O ambiente familiar criara-lhe uma atmosfera onírica, por on<strong>de</strong><br />

pairavam artistas, músicos, dramaturgos, poetas, santos. Lembra Cecília Meireles,<br />

a respeito, que “seu avô fora «o Príncipe»; seu pai ia-se tornando «o<br />

Santo»; não ia ele ser «o Poeta»?” Nesse clima, o menino foi-se fazendo ado-

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