guimarães rosa - Academia Mineira de Letras

Minas Libertária __________________________________________________________________ Patrus Ananias 159
marcantes da capital mineira. Os mais eminentes homens públicos de Minas –
políticos, jornalistas, escritores, magistrados, clérigos, e mais dondocas e
deslumbradas – todo mundo se encontrava nas tardes da Itatiaia, festivas de
humanismo, onde a inteligência, a cultura e a graça eram régua e compasso.
A sociedade dos irmãos Moreira ia de vento em popa. Enquanto o poeta
e humanista Edison exercia muito bem o seu papel de relações-públicas à frente
da loja e dos eventos literários que ali ocorriam com enorme repercussão, Pedro
Paulo preferia o recolhimento de seu gabinete, onde pontificava na gestão
financeira e editorial do empreendimento.
A Itatiaia somou mais de dez mil títulos publicados, entre os quais
avulta, pelo ruidoso sucesso que provocou, o Doutor Jivago, do russo Boris
Pasternak, ganhador do Nobel. Era o tempo da Guerra Fria, e o editor Pedro
Paulo descobriu um filão, editando no Brasil romancistas que confrontavam a
vida nos países socialistas com o american way of life, pelo que recebia bons
incentivos por parte de organismos culturais do governo americano.
Quando seu irmão e sócio Edison foi eleito acadêmico, vindo a juntar-se
ao outro irmão Vivaldi na Casa de Alphonsus, o escritor Moacyr Andrade, que
apreciava uma tirada, disse que estávamos agora diante da “Academia Moreira
de Letras”. O chiste fez fama na época e ainda profetisa, pois o filho Pedro
Rogério cá está na Academia. Mas o fato é que Moacyr tornara-se amigo e
confidente de Pedro Paulo desde que o editor relançou seus dois grandes
romances, Memórias de um chauffeur de praça e República Decroly. No dia
seguinte à publicação da balela pelo colunista Wilson Frade, o mesmo
jornalista dava espaço para esta nota: “Inquirido sobre o assunto, o sr. Pedro
Paulo Moreira nos respondeu que se dedica a outra academia, a de Letras...
Promissórias!”
Como tudo passa, passou também o tempo da loja prazenteira da Rua da
Bahia número 916, freqüentada nos fins de tarde pelos notáveis, assim como
Milton Campos, Pedro Aleixo, Tancredo, Magalhães Pinto, Alberto Deodato,
Djalma e Moacyr Andrade, Fausto Alvim, Mário Matos. PSD e UDN, em
recíprocas amenidades, deixavam de lado suas diferenças políticas.
Em meados da década de 1970, a Itatiaia mudou-se para o seu terceiro
endereço, na mesma Rua da Bahia, agora o edifício Park Royal, obra-prima
daquela arquitetura característica da fundação da nova capital mineira, hoje
tombado pelo Patrimônio Histórico. No terceiro andar do majestoso monumento,
o saudoso JK lá se reunia com os intelectuais mineiros, festejando todos
a antecipação da glória daquele grande brasileiro. Foi naquele endereço que
Pedro Paulo, pioneiramente, deu voz e vez aos tradutores (depois eméritos) de