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guimarães rosa - Academia Mineira de Letras

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Sagarana: anúncio e amostra <strong>de</strong> uma revolução literária ________________________________ Ângela Vaz Leão 89<br />

datilógrafa para passá-lo a limpo, pô<strong>de</strong> Guimarães Rosa, no último dia do ano<br />

<strong>de</strong> 1937, entregar os originais à Livraria José Olympio que teve <strong>de</strong> esperar<br />

ainda alguns anos pela or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> sua publicação.<br />

As histórias somavam o total <strong>de</strong> doze, número que se reduziria<br />

posteriormente a nove. Guimarães Rosa eliminaria três <strong>de</strong>las – “Questões <strong>de</strong><br />

Família”, “Uma História <strong>de</strong> Amor” e “Bicho Mau”, O Autor justifica a exclusão<br />

na mesma carta a João Condé, da primeira história por ser meio autobiográfica,<br />

da segunda por não ter sido <strong>de</strong>senvolvida razoavelmente e da terceira<br />

por não ter parentesco profundo com as nove outras conservadas.<br />

Depois, conta o nosso Autor que o livro não foi publicado logo, mas<br />

repousou durante sete anos; e, em 1945, foi retrabalhado em cinco meses,<br />

cinco meses <strong>de</strong> reflexão e <strong>de</strong> luci<strong>de</strong>z. (Ibi<strong>de</strong>m, p. 25)<br />

Após esse longo processo, já relatado pelo próprio Autor, publica-se em<br />

1946 a primeira edição da obra, com o título <strong>de</strong> Sagarana.<br />

Se consi<strong>de</strong>rarmos os meses <strong>de</strong> composição dos contos, entre 1937 e<br />

1938, passando pelo longo período em que foram retrabalhados e <strong>de</strong>pois pelos<br />

vários anos <strong>de</strong> elaboração <strong>de</strong> Gran<strong>de</strong> Sertão: Veredas, até o ano <strong>de</strong> sua primeira<br />

publicação em 1956, vamos encontrar um intervalo <strong>de</strong> perto <strong>de</strong> duas décadas.<br />

São duas décadas <strong>de</strong> observação e <strong>de</strong> exercício da linguagem, <strong>de</strong> emendas<br />

constantes, <strong>de</strong> auto-disciplina e auto-superação ou, para usar uma comparação<br />

esportiva neste tempo <strong>de</strong> Olimpíadas, <strong>de</strong> aquecimento para o gran<strong>de</strong> salto.<br />

Não pretendo analisar aqui essa longa preparação através <strong>de</strong> um<br />

confronto estilístico <strong>de</strong> originais sucessivamente retocados. Pretendo apenas<br />

voltar a Sagarana, com três objetivos: dar uma visão rápida <strong>de</strong> sua história<br />

editorial; pôr em <strong>de</strong>staque algumas <strong>de</strong> suas inovações na concepção da<br />

narrativa; e sugerir que tais inovações já prenunciam a gran<strong>de</strong> revolução<br />

literária que virá com o romance Gran<strong>de</strong> Sertão: Veredas.<br />

Escrito sob o pseudônimo Viator, isto é, ‘caminhante, viandante’, pseudônimo<br />

aliás muito apropriado, o volume, a princípio intitulado simplesmente<br />

Contos, concorre, em 1938, ao Prêmio Humberto <strong>de</strong> Campos, da Livraria José<br />

Olympio. Obtém o segundo lugar, per<strong>de</strong>ndo para Maria Perigosa, <strong>de</strong> Luiz Jardim.<br />

Só oito anos <strong>de</strong>pois, em abril <strong>de</strong> 1946, os contos <strong>de</strong> Rosa vêm à luz, pela<br />

Editora Universal do Rio <strong>de</strong> Janeiro, com o novo título, Sagarana, agora sob o<br />

nome civil do autor, assinado J. Guimarães Rosa, com o prenome abreviado. A<br />

coletânea recebe o Prêmio da Socieda<strong>de</strong> Felipe <strong>de</strong> Oliveira, com gran<strong>de</strong><br />

repercussão nos meios literários brasileiros, como se comprova pelo fato <strong>de</strong> sua<br />

primeira edição esgotar-se em poucos meses, publicando-se a segunda ainda<br />

em 1946, pela mesma Editora Universal, hoje inexistente.

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