guimarães rosa - Academia Mineira de Letras

150 _______________________________________________ REVISTA DA ACADEMIA MINEIRA DE LETRAS
tenha mantido, invariavelmente e sem desigualdades, sempre na mesma altura.
E talvez nenhuma outra poesia brasileira se preste tanto a ser lida com
instrumentos da explication des textes...” (26)
Uma “viagem” a Cecília, uma tentativa de compreensão de sua obra e de
sua contribuição à literatura e “à humanização da humanidade” – eis uma
proposta que seu centenário de nascimento reaviva entre nós. Sua obra em
prosa está sendo editada pela Nova Fronteira. A mesma Nova Fronteira editou,
em fins do ano passado, sua POESIA COMPLETA, em dois volumes,
organizada, apresentada e com estabelecimento de texto de Antônio Carlos
Secchin. Secchin organizou os poemas em ordem cronológica de publicação,
teve a boa idéia de fazer um “Caderno de imagens”, com fotos de Cecília,
familiares e amigos, apesar de Cecília Meireles não ser muito atraída por
fotografias. Viajava muito e fotografava pouco; preferia escrever sobre os
lugares a reproduzi-los com uma objetiva. Mas as fotos que Secchin reuniu são
muito informativas, além de mostrar a figura física excepcionalmente bonita da
poeta. O primeiro volume traz ainda uma boa introdução à poesia de Cecília
Meireles, feita por Miguel Sanches Neto; uma excelente Bibliografia da autora,
acrescida de uma “Bibliografia crítica e comentada de Cecília Meireles”, que
seria melhor chamar de Bibliografia crítica e comentada sobre Cecília Meireles.
O trabalho é caprichado.
Graficamente, porém, deixa a desejar: os textos transcritos em cor azulada
ficam, em certos lugares, quase ilegíveis. A formatação do Sumário
dificulta a procura dos poemas. São pequenos defeitos, mas lamentáveis numa
obra desse quilate, realizada por uma grande editora, que não tem o direito de
errar em coisas tão palmares. O texto em cor preta, de qualquer maneira, está
razoavelmente bem impresso. Não tenho encontrado erros de revisão (isto é
fundamental) e, tirante os títulos dos poemas, a leitura é fácil.
NOTAS:
1. CARPEAUX, Otto Maria. “Cecília Meireles, Poeta”, in Leitura (revista),
Rio de Janeiro, out/nov de 1964, p. 11.
2. Cf. RICARDO, Cassiano. Viagem no Tempo e no Espaço – Memórias, Rio
de Janeiro, José Olímpio, 1970, p. 117 e seguintes.
3. RICARDO, Cassiano. Viagem no Tempo e no Espaço – Memórias, Rio de
Janeiro, José Olympio, 1970, p. 273-277.
4. Ver RICARDO, Cassiano. O.c., p. 276.