15.04.2013 Views

guimarães rosa - Academia Mineira de Letras

guimarães rosa - Academia Mineira de Letras

guimarães rosa - Academia Mineira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Humor inteligente e crítico na dose certa _____________________________________ Beatriz Teixeira <strong>de</strong> Salles 129<br />

Fale um pouco sobre sua trajetória literária e jornalística. Quais<br />

foram os “caminhos tortuosos” que seguiu até chegar a cronista do Estado<br />

<strong>de</strong> Minas?<br />

Comecei no Globo em 1966, repórter da Geral, quando já tinha dois<br />

livros publicados. Depois, comecei a fazer crônicas (sempre fui péssimo<br />

repórter). Em 1969 mu<strong>de</strong>i-me para o interior, quando fazia crônicas (oito<br />

mensais) para as maiores publicações agropecuárias do Brasil, pago a peso <strong>de</strong><br />

ouro, porque trocava as matérias pela publicida<strong>de</strong> do gado que vendia. O<br />

jornalismo diário, gênero crônica, só começou em 1990 (no Hoje em Dia,<br />

sediado em BH, quando eu morava em Juiz <strong>de</strong> Fora). Em 2005, fui convidado<br />

para o Estado <strong>de</strong> Minas, on<strong>de</strong> passei quase três anos escrevendo sobre futebol:<br />

<strong>de</strong>testo esportes que não sejam hípicos. Necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sobrevivência. Vivo<br />

exclusivamente <strong>de</strong> escrever para fora, sem aposentadorias, pensões, aluguéis,<br />

sem nada <strong>de</strong> coisa alguma. Felizmente, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 33 meses tentando escrever<br />

sobre Atlético e Cruzeiro, num período em que os dois times jogavam pedrinhas,<br />

a diretoria <strong>de</strong> redação me <strong>de</strong>slocou para o ca<strong>de</strong>rno Gerais, para “cronicar”<br />

sobre o dia-a-dia. “Ser cronista é viver em voz alta” (Manuel Ban<strong>de</strong>ira).<br />

Gosto <strong>de</strong> viver em voz alta...<br />

Você começou escrevendo no ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> Esportes do EM e <strong>de</strong>pois<br />

passou para o Gerais. A cida<strong>de</strong> ren<strong>de</strong> mais assunto do que o esporte, nestes<br />

tempos <strong>de</strong> futebol-cifrão?<br />

Como expliquei aí atrás, <strong>de</strong>testo esportes: sofri o diabo. Na minha<br />

primeira noite <strong>de</strong> Mineirão, um colega da tribuna da imprensa, que nunca me<br />

viu mais gordo, foi tratando <strong>de</strong> avisar: “Se o Galo per<strong>de</strong>r, escon<strong>de</strong> o crachá<br />

que eles batem na gente”. Eles, no caso, são os cavalheiros das torcidas<br />

organizadas. Que se po<strong>de</strong> esperar <strong>de</strong> um cavalheiro que pertence, que faz parte,<br />

que dirige uma torcida organizada? Que se po<strong>de</strong> esperar <strong>de</strong> gente que faz<br />

arruaça e quebra ônibus, automóveis, postes <strong>de</strong> luz – mesmo nos dias em que<br />

seu time vence?<br />

O que representa, para você, fazer parte da <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Mineira</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Letras</strong>?<br />

É o ponto culminante da carreira <strong>de</strong> um sujeito que vive <strong>de</strong> escrever para<br />

fora. Nunca fui um intelectual, mas simples autor <strong>de</strong> (por enquanto) 16 livros.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!