guimarães rosa - Academia Mineira de Letras

Minas Libertária __________________________________________________________________ Patrus Ananias 157
Perfil sentimental
PEDRO PAULO MOREIRA,
UM MERCADOR DA CULTURA
Um tributo de seus sobrinhos
José Maria* e Pedro Rogério Couto Moreira**
Pedro Paulo Moreira ingressou no comércio de livros
quando o mundo encantava-se pela velocidade. Era a geração
James Dean. Para caracterizá-la, Pedro Paulo tinha a sua motocicleta
e ostentava seu blusão de couro. Com a moto, completava
seu figurino elegante e sua graça no charmoso Cassino da
Pampulha, com alegres acompanhantes, ou comparecia a finais
de boxe no popular Estádio do Paissandu. Era o herói dos sobrinhos – os filhos
de seu irmão mais velho – Vivaldi. Mas aquela geração também descobriu na
velocidade uma ferramenta de trabalho – sobretudo para os self-made-men,
como era o caso de Pedro Paulo. Tudo havia de ser rápido, tal como o motor de
sua possante máquina. Ela veio a ser ferramenta de trabalho naquela Belo
Horizonte barroca – nem tanto pela arquitetura da cidade – mas pelos modos
gentis e donairosos que a sociedade praticava. Pedro Paulo, ali no início da
década de 50, iniciava a sua gloriosa carreira de livreiro, com a moto e uma
sala alugada nas alturas do edifício IAPI. Numa época em que o Brasil ainda
não atingira o patamar de 50 milhões de habitantes e lia muito mais do que hoje
com 200 milhões, Pedro Paulo representava coleções famosas, como as
editadas pelo bom Samuel Koogan, cuja lembrança nos deixou junto às de dono
de um Jaguar veloz e imprudente. Para impulsionar os negócios, atraiu o irmão
Edison, já poeta e aluno de Letras Clássicas da Faculdade de Filosofia.
* Procurador do Estado de Minas Gerais,
** Jornalista, ocupa a cadeira nº 38 da AML.