guimarães rosa - Academia Mineira de Letras

Música _____________________________________________
MÁRIO DE ANDRADE
E JACQUES MARITAIN
Paulo Sérgio Malheiros dos Santos*
Este artigo apresenta alguns paralelos entre o tomismo de Jacques
Maritain e o pensamento estético de Mário de Andrade, um dos principais
críticos musicais brasileiros da primeira metade do século XX. Uma síntese,
ainda que superficial, do pensamento de Maritain torna-se um poderoso
auxiliar, quase indispensável, para uma melhor compreensão do pensamento
andradiano. Em 1920, quando Jacques Maritain publicou seu livro Art et
scolastique, as vicissitudes do período entre as duas grandes guerras provocavam
uma mudança nos rumos das vanguardas do começo dos anos de
1900. Há nelas, agora, uma tendência geral à institucionalização, à consolidação
dos processos construtivos, suplantando a tendência iconoclasta e
destrutiva dos primeiros momentos. A fase neo-clássica adotada por músicos
como Stravinsky, Villa-Lobos e outros grandes compositores torna-se um
exemplo, entre muitos possíveis, do retorno à ordem percebido na obra
de artistas cuja fama inicial associara-se a escândalos pour épater la
bourgeoisie.
Umberto Eco, em A definição da arte (1960), observa a importância de
Art et Scolastique (1920), do filósofo francês Jacques Maritain, no contexto da
década:
* Professor de História da Música na UEMG, pianista e doutor em Literaturas de Língua Portuguesa pela
PUC-MG.