13.05.2013 Views

as arquitecturas de cister em portugal. a actualidade ... - Ubi Thesis

as arquitecturas de cister em portugal. a actualidade ... - Ubi Thesis

as arquitecturas de cister em portugal. a actualidade ... - Ubi Thesis

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

3. CISTER EM PORTUGAL: DAS ORIGENS À ACTUALIDADE<br />

abandono gradual da simplicida<strong>de</strong> litúrgica com acrescentos<br />

sucessivos” 25<br />

A partir do século XIV, surge uma certa mudança na orientação dos<br />

<strong>cister</strong>cienses e a adulteração, <strong>em</strong> <strong>de</strong>finitivo, do primitivo espírito <strong>cister</strong>ciense<br />

<strong>as</strong>sente nos ensinamentos dos Padres do <strong>de</strong>serto e da Carta <strong>de</strong> Carida<strong>de</strong>.<br />

Começaram a surgir neste momento <strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> queix<strong>as</strong> dos povoados<br />

pertencentes aos Coutos <strong>de</strong> Alcobaça contra a própria Abadia <strong>de</strong> Alcobaça e<br />

querel<strong>as</strong> entre esta e os populares “colonizadores” dos seus coutos. 26<br />

Em Portugal do séc. XV o Mosteiro <strong>de</strong> Santa Maria <strong>de</strong> Alcobaça era já senhor<br />

<strong>de</strong> um v<strong>as</strong>to domínio. Até então, proce<strong>de</strong>u-se à ocupação do território e sua<br />

organização, <strong>as</strong>sim como ao estabelecimento <strong>de</strong> um eficiente sist<strong>em</strong>a<br />

administrativo abacial.<br />

O mal-estar entre o Mosteiro <strong>de</strong> Santa Maria <strong>de</strong> Alcobaça e <strong>as</strong> populações<br />

colonizador<strong>as</strong> dos seus coutos foi gran<strong>de</strong>mente agravado com a nomeação dos<br />

Aba<strong>de</strong>s comendatários, o que reflectia a probl<strong>em</strong>ática e mal-estar que se sentia<br />

no seio da comunida<strong>de</strong> do próprio Mosteiro. 27<br />

O sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Aba<strong>de</strong>s comendatários foi utilizado amplamente <strong>em</strong> toda a<br />

cristanda<strong>de</strong> no fim da Ida<strong>de</strong> Média. A par surgiu o aumento <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e a<br />

influência não só política, m<strong>as</strong> também social dos Pap<strong>as</strong>, dos car<strong>de</strong>ais, do<br />

episcopado e do clero diocesano que conduziu a uma fragilização d<strong>as</strong><br />

autorida<strong>de</strong>s monástico-regulares, especialmente <strong>as</strong> mais antig<strong>as</strong> no território<br />

português como era o c<strong>as</strong>o dos beneditinos e dos <strong>cister</strong>cienses. 28<br />

O papa Gregório XI, no contexto do Cisma do Oci<strong>de</strong>nte, <strong>de</strong>creta a<br />

autorida<strong>de</strong> supr<strong>em</strong>a do Papa que lhe permite a nomeação <strong>de</strong> aba<strong>de</strong>s <strong>em</strong><br />

qualquer c<strong>as</strong>a monástica m<strong>as</strong>culina.<br />

No entanto, já o seu antecessor, o Papa Urbano V havia reservado à sua<br />

vonta<strong>de</strong> o privilégio <strong>de</strong> nomear e confirmar os aba<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Santa Maria <strong>de</strong><br />

Alcobaça, sendo esta abadia um c<strong>as</strong>o <strong>de</strong>ver<strong>as</strong> precoce neste sentido pois:<br />

“Quando <strong>em</strong> 1475, o aba<strong>de</strong> <strong>em</strong> exercício, D, Nicolau Vieira ven<strong>de</strong> o<br />

seu cargo abacial ao Car<strong>de</strong>al D. Jorge da Costa, com o agrado régio,<br />

po<strong>de</strong>mos falar que havia já condições anteriores que <strong>de</strong>ixavam<br />

entrever uma solução s<strong>em</strong>elhante na vida <strong>de</strong>sta abadia (…).” 29<br />

O direito régio à interferência n<strong>as</strong> nomeações dos aba<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Alcobaça era um<br />

facto:<br />

25 Cfr. I<strong>de</strong>m; p.63-64<br />

26 AA.VV.; Arte Sacra nos Antigos Coutos <strong>de</strong> Alcobaça; IPPAR-Instituto Português do Património Arquitectónico /<br />

Ed. ASA; 1995; p.19<br />

27 I<strong>de</strong>m; p.19<br />

28 Cfr. GOMES, Saul António; Visitações a Mosteiros Cistercienses <strong>em</strong> Portugal – séculos XV-XVI; Edição do Instituto<br />

Português do Património Arquitectónico (IPPAR); 1998; pp.20-21<br />

29 Cfr. I<strong>de</strong>m; p.21<br />

131

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!