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as arquitecturas de cister em portugal. a actualidade ... - Ubi Thesis

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7. CISTER: PATRIMÓNIO, REABILITAÇÃO E CONTEMPORANEIDADE<br />

à herança e aos valores antigos, contra o qual importava, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

logo, pôr um travão.” 9<br />

Também Luís Correia refere que:<br />

“Apesar <strong>de</strong> liberal, Herculano consi<strong>de</strong>rava que o corte com Antigo<br />

Regime não implicava a eliminação <strong>de</strong> vestígios do p<strong>as</strong>sado,<br />

<strong>as</strong>sumindo <strong>de</strong> forma pública, na revista ‘O Panorama’, on<strong>de</strong><br />

expunha os seus pontos <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncia da sist<strong>em</strong>ática <strong>de</strong>struição<br />

do património cultural e da falta <strong>de</strong> opção e vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

polític<strong>as</strong> para por termo a tal <strong>de</strong>struição e ao <strong>de</strong>srespeito que se<br />

manifestava quando os edifícios eram reconstruídos ou reparados.<br />

(…) o conceito <strong>de</strong> monumento para Alexandre Herculano, representa<br />

no quadro relacional liberalismo/romantismo, essencialmente<br />

o ‘documento’ cuja função primordial é instruir e concorrer<br />

para a reconstituição do modo como se criou e <strong>de</strong>senvolveu uma<br />

civilização, uma socieda<strong>de</strong>.” 10<br />

Porém no século XIX a preferência pela arquitectura <strong>de</strong> cariz medieval era<br />

notória como refere Jorge Rodrigues:<br />

“Este interesse oitocentista, <strong>de</strong> carácter vincadamente romântico<br />

e maioritariamente inspirado pela teoria da ‘unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estilo’ <strong>de</strong><br />

Viollet-le-Duc, foi, <strong>de</strong> resto, responsável por apreciáveis abusos <strong>em</strong><br />

muit<strong>as</strong> d<strong>as</strong> intervenções executad<strong>as</strong> essencialmente virad<strong>as</strong> para<br />

e ‘época <strong>de</strong> ouro’ da História da Arte, como o próprio Alexandre<br />

Herculano <strong>de</strong>fendia: a Ida<strong>de</strong> Média.” 11<br />

Os monumentos nacionais preservavam uma dimensão material do p<strong>as</strong>sado.<br />

Eram o reservatório do espírito e da alma <strong>de</strong> uma nação p<strong>as</strong>sada sendo<br />

encarados, pelos liberais, como um meio <strong>de</strong> nortear e influenciar uma cultura<br />

nacional. Como refere Paulo Simões Rodrigues: “Os monumentos tornaram-se<br />

factores <strong>de</strong> progresso social, moral, político e até económico.” 12<br />

Alexandre Herculano <strong>de</strong>senvolve n’O Panorama, <strong>em</strong> 1837, cinco pontos<br />

essenciais para a consagração <strong>de</strong> monumento como refere Lúcia Ros<strong>as</strong>:<br />

“(…) a valorização da arquitectura da Ida<strong>de</strong> Média contra a<br />

heg<strong>em</strong>onia clássica; o estabelecimento <strong>de</strong> uma equivalência<br />

entre <strong>as</strong> ‘virtu<strong>de</strong>s’ da arquitectura ‘gótica’ e <strong>as</strong> virtu<strong>de</strong>s da História<br />

<strong>de</strong> Portugal; a inclusão dos monumentos na idiossincr<strong>as</strong>ia da<br />

nação; a necessida<strong>de</strong> da conservação dos edifícios porque ‘<strong>as</strong><br />

9 CUSTÓDIO, Jorge; Op. cit; p. 37<br />

10 CORREIA, Luis; Op.cit; pp.179-180<br />

11 RODRIGUES, Jorge; A Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos nacionais e o restauro dos monumentos<br />

medievais durante o Estado Novo in “Caminhos do Património”; Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos<br />

Nacionais; 1999; p.69<br />

12 RODRIGUES, Paulo Simões; O longo t<strong>em</strong>po do património. Os antece<strong>de</strong>ntes da República (1721-1910) in<br />

“100 Anos <strong>de</strong> Património: M<strong>em</strong>ória e I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Portugal 1910-2010”; Instituto <strong>de</strong> Gestão do Património<br />

Arquitectónico e Arqueológico, I.P.; Lisboa 2010; p.24<br />

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