13.05.2013 Views

as arquitecturas de cister em portugal. a actualidade ... - Ubi Thesis

as arquitecturas de cister em portugal. a actualidade ... - Ubi Thesis

as arquitecturas de cister em portugal. a actualidade ... - Ubi Thesis

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

7. CISTER: PATRIMÓNIO, REABILITAÇÃO E CONTEMPORANEIDADE<br />

tentes. Deste modo, após o golpe militar <strong>de</strong> 1926, surgiu o “Estado Novo” <strong>de</strong><br />

Salazar, formalizado <strong>em</strong> 1933, que procurou uma arquitectura que fosse veículo<br />

d<strong>as</strong> i<strong>de</strong>i<strong>as</strong> e afirmação <strong>de</strong>ste novo estado.<br />

Nesta busca, num primeiro momento, <strong>de</strong>staca-se Raul Lino com os seus<br />

estudos sobre a C<strong>as</strong>a Portuguesa e o seu livro “C<strong>as</strong><strong>as</strong> Portugues<strong>as</strong>” editado<br />

<strong>em</strong> 1933. Esta é uma obra teórico-prática, <strong>de</strong> cariz regionalista e nacionalista,<br />

que discorre sobre a importância da “c<strong>as</strong>a”, entre a economia e a beleza,<br />

com ilustrações específic<strong>as</strong> <strong>de</strong> c<strong>as</strong><strong>as</strong> adaptad<strong>as</strong> à região on<strong>de</strong> se inser<strong>em</strong>.<br />

Deste modo, torna-se importante a inventariação <strong>de</strong> t<strong>em</strong><strong>as</strong> construtivos,<br />

<strong>de</strong>corativos, ambientais, m<strong>as</strong> acima <strong>de</strong> tudo a busca d<strong>as</strong> característic<strong>as</strong> própri<strong>as</strong><br />

do habitar português, como refere o próprio Raul Lino:<br />

“Ainda agora nestes t<strong>em</strong>pos revolutos e <strong>de</strong> profunda transformação<br />

<strong>em</strong> todos os <strong>as</strong>pectos da vida, questões que se ligu<strong>em</strong> com a<br />

nossa moradia não <strong>de</strong>ix<strong>em</strong> <strong>de</strong> preocupar gran<strong>de</strong>s homens <strong>de</strong> Estado,<br />

reformadores, sociólogos e estet<strong>as</strong> (…). N<strong>em</strong> a americanização<br />

dos costumes, n<strong>em</strong> <strong>as</strong> tendênci<strong>as</strong> colectivist<strong>as</strong> <strong>de</strong> nov<strong>as</strong> organizações<br />

conseguiram ainda <strong>de</strong>belar o anseio natural e instintivo no<br />

Hom<strong>em</strong> <strong>de</strong> possuir habitação própria e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte para si ou<br />

para a sua família. Po<strong>de</strong> ser muito bela a vida <strong>em</strong> comunida<strong>de</strong>, útil<br />

ou conveniente o aquartelamento ou a habitação colectiva, quer<br />

seja à sombra da cruz ou da espada, quer à da foice e do martelo<br />

ou à <strong>de</strong> uma simples moeda <strong>de</strong> oiro; não serve este viver, porém a<br />

todo o mundo, e se há qu<strong>em</strong> julgue que o <strong>de</strong>saparecimento do<br />

Indivíduo significaria um progresso, estamos por enquanto longe da<br />

época <strong>em</strong> que toda a gente se haja transformado no hom<strong>em</strong>abelha<br />

que prefere para a sua habitação o alvéolo <strong>de</strong> qualquer<br />

c<strong>as</strong>a-colmeia.” 36<br />

I<strong>de</strong>ologia e ensino artístico foram os el<strong>em</strong>entos que levaram à gradual <strong>de</strong>finição<br />

<strong>de</strong> uma estética arquitectónica regionalista, tradicionalista, e voltada<br />

para os valores históricos do p<strong>as</strong>sado. De facto, foi esta i<strong>de</strong>ologia que alimentou<br />

e comungou do novo regime político do Estado Novo, que se constituía<br />

como uma “nova or<strong>de</strong>m”, como refere Gonçalo C. Moniz:<br />

“Este mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> pressupõe a construção <strong>de</strong> uma nova<br />

organização do estado que iria <strong>as</strong>sentar na i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> ‘or<strong>de</strong>m’, isto é<br />

or<strong>de</strong>m n<strong>as</strong> finanç<strong>as</strong>, pelo equilíbrio do orçamento, or<strong>de</strong>m n<strong>as</strong> ru<strong>as</strong><br />

e nos espíritos, pelo reforço dos po<strong>de</strong>res do estado”. 37<br />

Ao aceitar o mo<strong>de</strong>rnismo, um grupo <strong>de</strong> jovens arquitectos esclarecidos e<br />

informados sobre <strong>as</strong> característic<strong>as</strong> da nova linguag<strong>em</strong> arquitectónica, quer<br />

através <strong>de</strong> revist<strong>as</strong> da especialida<strong>de</strong>, quer através <strong>de</strong> viagens ao estrangeiro,<br />

36 LINO, Raul; C<strong>as</strong><strong>as</strong> Portugues<strong>as</strong> (reedição da 1ª ed.,1933); Ed. Cotovia; Lisboa 1992; pp. 9-10<br />

37 MONIZ, Gonçalo C.; Arquitectos e Políticos. A arquitectura institucional <strong>em</strong> Portugal nos anos 30 in DC<br />

Papeles; nº13-14; Ed. UPC; Barcelona 2005; pp.69-70<br />

549

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!