13.05.2013 Views

as arquitecturas de cister em portugal. a actualidade ... - Ubi Thesis

as arquitecturas de cister em portugal. a actualidade ... - Ubi Thesis

as arquitecturas de cister em portugal. a actualidade ... - Ubi Thesis

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

154<br />

3. CISTER EM PORTUGAL: DAS ORIGENS À ACTUALIDADE<br />

economia não exclu<strong>em</strong> a tolerância n<strong>em</strong> a indulgencia. Faço essa<br />

justiça ao po<strong>de</strong>r. Quando a ultima freira <strong>de</strong> Lorvão expirar <strong>de</strong> miséria,<br />

ou <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong>ss<strong>as</strong> pare<strong>de</strong>s interiores do mosteiro que ameaçam<br />

<strong>de</strong>sabar, os ministros soffrerão com animo paternal que mãos piedos<strong>as</strong><br />

vão lançar o cadáver da pobre monja no ossuario <strong>de</strong> sete séculos,<br />

on<strong>de</strong> repousam <strong>as</strong> cinz<strong>as</strong> <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> su<strong>as</strong> irmãs. Depois ven<strong>de</strong>rão<br />

o edifício e a cerca a algum <strong>de</strong>stes ju<strong>de</strong>us do século XIX, a que<br />

chamamos agiot<strong>as</strong>, se algum houver a qu<strong>em</strong> p<strong>as</strong>se pelo espírito ter<br />

uma c<strong>as</strong>a <strong>de</strong> campo <strong>em</strong> Lorvão (…)<br />

Fig. 63 O Mosteiro do Lorvão, como era no século XVIII, representado numa pintura <strong>de</strong><br />

G<strong>as</strong>par Parente existente na igreja do mosteiro (fotografia da autora)<br />

M<strong>as</strong> porque o importuno com esta larga história? Não é, meu amigo,<br />

só para <strong>de</strong>sabafo: é para lhe pedir um favor. Supponha que viu, como<br />

eu vi, <strong>as</strong> faces enrugad<strong>as</strong> e pallid<strong>as</strong> d<strong>as</strong> monj<strong>as</strong> <strong>de</strong> Lorvão, por oon<strong>de</strong><br />

<strong>as</strong> lagrym<strong>as</strong> se penduravam quatro a quatro, <strong>em</strong>quanto vozes<br />

convuls<strong>as</strong> <strong>de</strong>screviam scen<strong>as</strong> do longo drama <strong>de</strong> miséria <strong>de</strong> que este<br />

sepulcro <strong>de</strong> vivos t<strong>em</strong> sido theatro durante vinte annos: suponha que<br />

olhava para est<strong>as</strong> janell<strong>as</strong> mal reparad<strong>as</strong>, para est<strong>as</strong> pare<strong>de</strong>s<br />

verdoeng<strong>as</strong>, cujo <strong>as</strong>pecto produz um sentimento inexplicável <strong>de</strong> frio,<br />

apesar do calor da atmosphera n’um dia <strong>de</strong> Julho; para <strong>as</strong> alfai<strong>as</strong><br />

roçad<strong>as</strong> e poid<strong>as</strong>; para os próprios trajos d<strong>as</strong> freir<strong>as</strong>; que lia <strong>em</strong> tudo<br />

isso, repetida por c<strong>em</strong> modos, uma palavra só: infortúnio, infortúnio,<br />

infortúnio! Que fazia? Com o seu coração, com os seus princípios, e<br />

redactor <strong>de</strong> um jornal que t<strong>em</strong> larg<strong>as</strong> sympathi<strong>as</strong>, sentia-se gran<strong>de</strong> e<br />

forte pondo a sua penna eloquente ao serviço da <strong>de</strong>sgraça e da<br />

fraqueza. Faça-o, meu amigo: faça-o! Peça esmola para <strong>as</strong> freir<strong>as</strong> <strong>de</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!