13.05.2013 Views

as arquitecturas de cister em portugal. a actualidade ... - Ubi Thesis

as arquitecturas de cister em portugal. a actualidade ... - Ubi Thesis

as arquitecturas de cister em portugal. a actualidade ... - Ubi Thesis

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

2.4.<br />

DESENVOLVIMENTO CISTERCIENSE<br />

2. CISTER: ANTECEDENTES, ORIGEM E ESTRUTURA<br />

“invenit eum in terra <strong>de</strong>serta, in loco horroris et v<strong>as</strong>tae solitudinis,<br />

circunduxit eum et docuit et custodivit qu<strong>as</strong>i pupillam oculi sui (...)” 68<br />

No entanto <strong>as</strong> dificulda<strong>de</strong>s continuavam, pois o trabalho era árduo e o número<br />

<strong>de</strong> monges reduzido (sobretudo após a partida <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>les para<br />

Molesme) tal facto exigia a este pequeno grupo <strong>de</strong> monges a resposta a múltipl<strong>as</strong><br />

taref<strong>as</strong> que requeriam simultânea atenção. Segundo a crónica Gesta<br />

regum Anglorum <strong>de</strong> Guilherme <strong>de</strong> Malmesbury, citada por Lekai, vinte e cinco<br />

anos após o êxodo <strong>de</strong> Roberto, <strong>as</strong>sim como gran<strong>de</strong> parte dos monges que o<br />

seguiram <strong>de</strong> regresso a Molesme, apen<strong>as</strong> restaram oito monges. 69 Não se po<strong>de</strong><br />

esquecer que a par da construção do mosteiro era necessário cultivar a terra<br />

para a sobrevivência, como já foi referido, m<strong>as</strong> também copiar os manuscritos<br />

indispensáveis à vida espiritual <strong>as</strong>sim como os livros litúrgicos para o Officium Dei<br />

(oficio <strong>de</strong> Deus) e os comentários d<strong>as</strong> Escritur<strong>as</strong> para a Lectio Divina. 70 Pelo que<br />

como refere o Exordium Parvum no seu capítulo XVI:<br />

“O Aba<strong>de</strong>, que era hom<strong>em</strong> <strong>de</strong> Deus, e os seus monges estiveram<br />

sujeitos a momentos <strong>de</strong> tristeza, pois raramente, alguém nesses di<strong>as</strong><br />

vinha ter com eles para seguir o mesmo estilo <strong>de</strong> vida.<br />

Efectivamente, aqueles santos homens ansiavam por transmitir o<br />

tesouro <strong>de</strong> virtu<strong>de</strong>s que tinham encontrado por vonta<strong>de</strong> celestial a<br />

fim <strong>de</strong> ser profícuo para a salvação <strong>de</strong> muitos.<br />

Qu<strong>as</strong>e todos, porém, ao ver<strong>em</strong> e ouvir<strong>em</strong> contar a <strong>as</strong>pereza da<br />

vida que levavam, fora do habitual e s<strong>em</strong> lhe conhecer<strong>em</strong> outro<br />

ex<strong>em</strong>plo, apressavam-se mais <strong>em</strong> fugir <strong>de</strong> coração e <strong>de</strong> corpo que a<br />

aproximar-se e não <strong>de</strong>ixavam <strong>de</strong> pôr <strong>em</strong> dúvida a sua perseverança.<br />

M<strong>as</strong> a misericórdia <strong>de</strong> Deus, que inspira aos seus esta milícia espiritual,<br />

não cessava <strong>de</strong> lhe dar admirável incr<strong>em</strong>ento e <strong>de</strong> a levar à<br />

perfeição para proveito <strong>de</strong> muitos (...) ” 71<br />

A procura <strong>de</strong> uma v<strong>as</strong>ta solidão, pobreza e austerida<strong>de</strong> contribuíram para a<br />

escolha <strong>de</strong> Roberto e seus companheiros. Este apelo <strong>cister</strong>ciense a uma vida<br />

er<strong>em</strong>ítica, no seio <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> monástica, constituiu-se como um<br />

<strong>de</strong>safio ao estilo <strong>de</strong> vida aceite e estabelecido pelos cluniacenses, ainda para<br />

68 “(O Senhor) achou-o numa terra do <strong>de</strong>serto, num sítio <strong>de</strong> terror e <strong>de</strong> isolamento imenso, volteou <strong>em</strong> torno<br />

<strong>de</strong>le para lhe chamar a atenção e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u-o como se fosse a pupila dos seus olhos” in Deuteronómio<br />

(32,10)<br />

69 Cfr. LEKAI, Louis J.; Op. cit.; p. 22<br />

70 Cfr. AUBERGER, Jean-Baptiste; Cîteaux, les origines in “ Citeaux 1098 – 1998, L’Épopée Cistercienne – Dossiers<br />

d’Archeologie”; n. 229; Dec. 97 – Jan. 98<br />

71 Cfr. Exordium Parvum, cap.XVI in “CISTER: os Documentos Primitivos”; Tradução, Introduções e Comentários<br />

<strong>de</strong> Aires A. N<strong>as</strong>cimento; Edições Colibri; Lisboa; Março 1999; pp.43-44<br />

61

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!