13.05.2013 Views

as arquitecturas de cister em portugal. a actualidade ... - Ubi Thesis

as arquitecturas de cister em portugal. a actualidade ... - Ubi Thesis

as arquitecturas de cister em portugal. a actualidade ... - Ubi Thesis

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

458<br />

6. CISTER EM PORTUGAL: ARQUITECTURA vs. INSERÇÃO NO TERRITÓRIO<br />

Porém, não só a estrutura é importante para esta evolução da<br />

arquitectura religiosa medieval, a métrica que gera <strong>as</strong> mais divers<strong>as</strong><br />

espacialida<strong>de</strong>s, é também fundamental. Esta manifesta-se não só <strong>em</strong> termos<br />

planimétricos bidimensionais m<strong>as</strong> também tridimensionalmente, permitindo uma<br />

maior sintonia e flui<strong>de</strong>z da i<strong>de</strong>ia espacial aplicada ao edificado religioso, que é<br />

ao mesmo t<strong>em</strong>po una e diversa n<strong>as</strong> su<strong>as</strong> característic<strong>as</strong>. 5 Este facto permitiu<br />

que a pouco e pouco a volumetria da arquitectura religiosa e o seu espaço<br />

interior se uniss<strong>em</strong>, <strong>de</strong> modo cada vez mais intimo, e que por volta do séc. XII,<br />

dotada <strong>de</strong> uma maior uniformização, a arquitectura religiosa conseguisse um<br />

gran<strong>de</strong> avanço face à importante relação entre a funcionalida<strong>de</strong> espacial, os<br />

el<strong>em</strong>entos construtivos e a <strong>de</strong>coração ornamental.<br />

A arquitectura religiosa cristã foi entendida, no mundo medieval, como<br />

uma “obra <strong>de</strong> arte total” na qual todos os el<strong>em</strong>entos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a estrutura arquitectónica,<br />

<strong>as</strong> escolh<strong>as</strong> e particularida<strong>de</strong>s estilístic<strong>as</strong> e <strong>as</strong> manifestações artístic<strong>as</strong><br />

inerentes se interligam, tornando esta uma obra artística coesa e única, na qual<br />

os próprios el<strong>em</strong>entos arquitectónicos e su<strong>as</strong> significações permit<strong>em</strong> a existência<br />

<strong>de</strong> uma iconografia arquitectónica.<br />

Deste modo a própria entrada numa igreja românica encontra-se plena<br />

<strong>de</strong> conotações po<strong>de</strong>ndo ser consi<strong>de</strong>rada metaforicamente como uma “porta<br />

da cida<strong>de</strong>” concomitante entre a cida<strong>de</strong> medieval e a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, a Cívit<strong>as</strong><br />

Dei, tendo cada um dos portais uma simbologia própria. Nos portais a sucessão<br />

<strong>de</strong> arquivolt<strong>as</strong> e el<strong>em</strong>entos escultóricos ou simples ornamentos pétreos <strong>de</strong>fin<strong>em</strong>,<br />

muit<strong>as</strong> vezes, uma progressão do itinerário a seguir entre o exterior e o<br />

interior, entre o sagrado e o profano. Do mesmo modo a torre sineira, ou campanário,<br />

<strong>as</strong>sume carácter <strong>de</strong> um el<strong>em</strong>ento anunciador e revelador <strong>de</strong>ste<br />

espaço sagrado (note-se que para os <strong>cister</strong>cienses este el<strong>em</strong>ento era consi<strong>de</strong>rado<br />

<strong>de</strong>snecessário).<br />

Também é importante, no mundo medieval, a p<strong>as</strong>sag<strong>em</strong> da fresta<br />

românica, diminuto r<strong>as</strong>go (Fig. 291), no v<strong>as</strong>to e maciço muro parietal ao amplo<br />

janelão gótico test<strong>em</strong>unho não só da evolução da perícia e da técnica<br />

construtiva, m<strong>as</strong> também <strong>de</strong> toda uma nova maneira <strong>de</strong> conceber e <strong>de</strong><br />

compreen<strong>de</strong>r o espaço interior e a nova importância que adquire a luz na<br />

arquitectura religiosa cristã. Cada vez mais, a luz, se tornou um el<strong>em</strong>ento<br />

arquitectónico pleno <strong>de</strong> simbolismo e <strong>de</strong> significado no âmbito da arquitectura<br />

medieval, sobretudo no gótico (Fig. 292).<br />

Do mesmo modo, a luz foi utilizada com distintos propósitos, m<strong>as</strong><br />

continuamente como el<strong>em</strong>ento arquitectónico na concepção <strong>de</strong> espaços,<br />

não só sagrados, como também profanos.<br />

5 Cfr. JORGE, Virgolino Ferreira; Espaço e Euritmia na Abadia Madieval <strong>de</strong> Alcobaça in Separata do “Boletim<br />

Cultural” da Ass<strong>em</strong>bleia Distrital <strong>de</strong> Lisboa; Série IV; nº 93; Lisboa 1999 e JORGE, Virgolino Ferreira; Arquitectura,<br />

medida e número na Igreja <strong>cister</strong>ciense <strong>de</strong> são João <strong>de</strong> Tarouca (Portugal) in Cistercivm – Revista Monástica;<br />

nº 208; 1997

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!