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as arquitecturas de cister em portugal. a actualidade ... - Ubi Thesis

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7. CISTER: PATRIMÓNIO, REABILITAÇÃO E CONTEMPORANEIDADE<br />

Muitos foram os erros <strong>de</strong> interpretação artística imbuídos na prática da “unida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> estilo” pelo que Jorge Rodrigues salienta:<br />

“Outro dos erros e abusos frequent<strong>em</strong>ente cometidos foi o da<br />

<strong>de</strong>smontag<strong>em</strong> – e eventual <strong>de</strong>struição – <strong>de</strong> muit<strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>corativ<strong>as</strong> dos séculos XVII e XVIII, geralmente <strong>de</strong> feição barroca,<br />

que tinham vindo a <strong>de</strong>corar os t<strong>em</strong>plos medievais ao longo<br />

dos t<strong>em</strong>pos, atestando afinal os p<strong>as</strong>sos diversos da sua existência.<br />

Esta <strong>de</strong>smontag<strong>em</strong> verificou-se praticamente <strong>em</strong> todos os t<strong>em</strong>plos<br />

intervencionados, permitindo <strong>as</strong>sim a visão “<strong>de</strong>safogada d<strong>as</strong><br />

estrutur<strong>as</strong> – particularmente d<strong>as</strong> cabeceir<strong>as</strong> românic<strong>as</strong> ou gótic<strong>as</strong><br />

– com a construção <strong>de</strong> altares novos, geralmente <strong>em</strong> pedra, pretensamente<br />

feitos segundo os mo<strong>de</strong>los ou o gosto medieval.” 34<br />

No início do séc. XX, <strong>as</strong> artes e <strong>em</strong> particular a arquitectura encontravam-se<br />

imbuíd<strong>as</strong> <strong>de</strong> um fervilhar <strong>de</strong> <strong>em</strong>oções, concomitante entre o p<strong>as</strong>sado revivalista<br />

e o <strong>de</strong>sejo da busca <strong>de</strong> algo novo, <strong>de</strong> acordo com o novo século que n<strong>as</strong>cia,<br />

não esquecendo que a produção arquitectónica partilhava <strong>em</strong> muito, a<br />

sua resposta, com outr<strong>as</strong> du<strong>as</strong> artes afins: a escultura e a pintura.<br />

Em Portugal, no extr<strong>em</strong>o oci<strong>de</strong>ntal da Europa, os novos mo<strong>de</strong>los e linguagens<br />

arquitectónic<strong>as</strong> s<strong>em</strong>pre tardaram um pouco mais a chegar pelo que<br />

o fim do séc. XIX e início do séc. XX correspon<strong>de</strong>u ao período <strong>de</strong> todos os<br />

“neos” ou seja, foi o período <strong>de</strong> todos os revivalismos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o neo-gótico, ao<br />

neo-românico, ao neo-mudéjar, ao neo-manuelino, entre outros. M<strong>as</strong> também<br />

foi época <strong>de</strong> uma fugaz a<strong>de</strong>são à Arte Nova e <strong>de</strong>pois à Arte Deco. Porém a<br />

mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> apontava já a sua chegada através <strong>de</strong> alguns visionários futurist<strong>as</strong><br />

que comungavam da “mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>” europeia, b<strong>as</strong>ta l<strong>em</strong>brar que o<br />

segundo número da revista “Orpheu”, <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 1915 foi, como refere José<br />

Augusto França, o “r<strong>as</strong>tilho” <strong>de</strong>ssa fixação <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>rnismo hesitante 35 .<br />

Após a I Guerra Mundial, a Europa, e consequent<strong>em</strong>ente Portugal, mergulhavam<br />

num clima <strong>de</strong> tensão e <strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong>. No que respeita à arquitectura,<br />

vivia-se também um período <strong>de</strong> tensão entre o Ecletismo <strong>de</strong> raízes historicist<strong>as</strong><br />

e o que viria a ser apelidado <strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rnismo, ou seja, algo verda<strong>de</strong>iramente<br />

novo e el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> ruptura com o p<strong>as</strong>sado.<br />

Em Portugal, o Mo<strong>de</strong>rnismo oscilou entre o rigor da tradição, <strong>de</strong> carácter<br />

regionalista e historicista, e o fervilhar da inovação, da utilização <strong>de</strong> uma linguag<strong>em</strong><br />

arquitectónica inteiramente nova <strong>as</strong>sim como o uso <strong>de</strong> novos materiais<br />

como o betão. No entanto, alguns arquitectos portugueses flutuaram<br />

entre ambos os modos <strong>de</strong> encarar a arquitectura conseguindo mesmo uma<br />

gran<strong>de</strong> ambivalência e <strong>de</strong>streza arquitectónica na resposta a est<strong>as</strong> du<strong>as</strong> ver-<br />

34 RODRIGUES, Jorge; A Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos nacionais e o restauro dos monumentos<br />

medievais durante o Estado Novo in “Caminhos do Património”; Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos<br />

Nacionais; 1999; p.77<br />

35 FRANÇA, José-Augusto; O Mo<strong>de</strong>rnismo (séc. XX) in “História da Arte <strong>em</strong> Portugal”; Lisboa 2004; p. 18

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