13.05.2013 Views

as arquitecturas de cister em portugal. a actualidade ... - Ubi Thesis

as arquitecturas de cister em portugal. a actualidade ... - Ubi Thesis

as arquitecturas de cister em portugal. a actualidade ... - Ubi Thesis

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

4. PREMISSAS DO ESPAÇO CISTERCIENSE PORTUGUÊS<br />

Deste modo, a critica exercida por S. Bernardo na Apologia para Guilherme,<br />

aba<strong>de</strong> constitui essencialmente o texto el<strong>em</strong>entar no qual estão patentes os<br />

seus i<strong>de</strong>ais. Através da crítica ao luxo e aos excessos <strong>de</strong> ornamentação<br />

(superfluit<strong>as</strong>), às <strong>de</strong>formações e distorções fantástic<strong>as</strong> da arte românica<br />

(curiosit<strong>as</strong>), aos excessos d<strong>as</strong> proporções (supervacuit<strong>as</strong>), S. Bernardo abre<br />

caminho para uma estética da mo<strong>de</strong>ração (mo<strong>de</strong>ratio) ornamental on<strong>de</strong> a<br />

necessida<strong>de</strong> (necessit<strong>as</strong>) e a utilida<strong>de</strong> (utilit<strong>as</strong>) constitu<strong>em</strong> os novos critérios<br />

estéticos. 68<br />

A arte <strong>de</strong>ve elevar o espírito <strong>de</strong> modo a torná-lo livre favorecendo a<br />

cont<strong>em</strong>plação, e não ser apelativa aos sentidos (Fig. 122), pois mais que a<br />

fruição da arte por si só encontra-se “(…)o gozo da presença <strong>de</strong> Deus, que a<br />

imaterialida<strong>de</strong> d<strong>as</strong> cois<strong>as</strong>, <strong>as</strong> pare<strong>de</strong>s nu<strong>as</strong>, a luz com os contr<strong>as</strong>tes do claroescuro<br />

e <strong>as</strong> form<strong>as</strong> dos arcos a elevar-se para <strong>as</strong> a altur<strong>as</strong>, como mãos erguid<strong>as</strong><br />

<strong>em</strong> ogiva, suger<strong>em</strong> e proporcionam” 69 <strong>de</strong> modo a permitir o encontro com o<br />

Deus da absoluta beleza. Por este motivo, os <strong>cister</strong>cienses, partindo <strong>de</strong><br />

objectivos muito claros <strong>de</strong> espiritualida<strong>de</strong>, criaram norm<strong>as</strong> e regr<strong>as</strong> para<br />

construír<strong>em</strong> os seus mosteiros e igrej<strong>as</strong>, s<strong>em</strong> no entanto nunca estabelecer<strong>em</strong> os<br />

princípios rígidos característicos <strong>de</strong> uma escola <strong>de</strong> arte ou <strong>de</strong> arquitectura.<br />

Fig. 122 Mosteiro <strong>de</strong> Santa Maria <strong>de</strong> Alcobaça (fotografia da autora)<br />

requirimus: stultorum admiration<strong>em</strong>, an simplicium oblation<strong>em</strong>? An quoniam commixti sumus inter gentes, forte<br />

didicimus opera eorum, et servimus adhuc sculptilibus eorum?”<br />

68 MARTINS, Ana Maria Tavares; Espaço Monástico: da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus à Cida<strong>de</strong> do Hom<strong>em</strong> in “Estudos <strong>em</strong><br />

Homenag<strong>em</strong> ao Prof. Doutor José Ama<strong>de</strong>u Coelho Di<strong>as</strong>”; Vol. 1; Edição FLUP; Porto, 2006, pp.92-93<br />

69 Ver DIAS, Geraldo Coelho; Espiritualida<strong>de</strong>, comida e arte na polémica dos Monges da Ida<strong>de</strong> Média in<br />

“Bernardo <strong>de</strong> Claraval. Apologia para Guilherme, Aba<strong>de</strong>”; Fundação Eng. António <strong>de</strong> Almeida; Porto; 1997;<br />

p. 17<br />

227

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!