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as arquitecturas de cister em portugal. a actualidade ... - Ubi Thesis

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226<br />

4. PREMISSAS DO ESPAÇO CISTERCIENSE PORTUGUÊS<br />

também com el<strong>em</strong>entos simbólicos e arquitectónicos, porém b<strong>em</strong> distintos<br />

daqueles que os cluniacenses utilizavam.<br />

Deste modo, através do <strong>de</strong>spojamento d<strong>as</strong> su<strong>as</strong> igrej<strong>as</strong>, para os<br />

<strong>cister</strong>cienses b<strong>as</strong>tava a simplicida<strong>de</strong> d<strong>as</strong> linh<strong>as</strong>, a harmonia dos volumes, a<br />

elegância d<strong>as</strong> proporções, a esbelteza dos arcos, a pureza d<strong>as</strong> pare<strong>de</strong>s<br />

caiad<strong>as</strong>, a luminosida<strong>de</strong> e o seu claro-escuro para se elevar<strong>em</strong> <strong>em</strong> direcção a<br />

Deus. Procurava-se <strong>as</strong>sim uma articulação dos três registos da vida<br />

cont<strong>em</strong>plativa, isto é uma articulação do corpo, da alma e do espírito<br />

procurando eliminar o que pu<strong>de</strong>sse <strong>de</strong> alguma forma <strong>de</strong>sviar a alma da<br />

incessante busca interior do divino. 65<br />

S. Bernardo con<strong>de</strong>nava a ornamentação e a beleza sumptuosa não<br />

porque fora insensível aos seus encantos, antes pelo contrário, precisamente<br />

por ser capaz <strong>de</strong> os sentir <strong>de</strong> modo a aperceber-se que estes constituíam uma<br />

sedução invencível, logo um perigo irreconciliável com <strong>as</strong> exigênci<strong>as</strong> do<br />

sagrado sendo para si mais importante a busca da cont<strong>em</strong>plação Divina do<br />

que o f<strong>as</strong>cínio pela arte. 66 No entanto, S. Bernardo limita esta crítica aos<br />

mosteiros e admite a importância da arte n<strong>as</strong> outr<strong>as</strong> igrej<strong>as</strong>, que não <strong>as</strong> dos<br />

mosteiros. O critério subjacente à estética bernardina não será propriamente<br />

artístico m<strong>as</strong> sim ético e <strong>as</strong>cético.<br />

“E, <strong>de</strong> facto, uma é a razão dos bispos, outra a dos monges.<br />

Sab<strong>em</strong>os, com efeito, que aqueles, sendo <strong>de</strong>vedores a sábios e<br />

insensatos, promov<strong>em</strong> a <strong>de</strong>voção do povo carnal com adornos<br />

materiais por não po<strong>de</strong>r com os espirituais. Nós, porém, que já nos<br />

saímos do povo, que, por Cristo, <strong>de</strong>ixámos <strong>as</strong> cois<strong>as</strong> precios<strong>as</strong> e<br />

bel<strong>as</strong> do mundo, tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> lindamente brilhantes, musicalmente<br />

<strong>em</strong>balador<strong>as</strong>, suav<strong>em</strong>ente inebriantes, doc<strong>em</strong>ente saboros<strong>as</strong>,<br />

agradáveis ao tacto, enfim, julgamos todos os prazeres do corpo<br />

como estrume para lucrarmos a Cristo, pergunto-vos a qu<strong>em</strong> é que<br />

incitamos com el<strong>as</strong> a <strong>de</strong>voção? Que fruto disso preten<strong>de</strong>mos<br />

colher: a admiração dos insensatos ou a oferta dos simples? Ac<strong>as</strong>o,<br />

porque andamos misturados com pagãos, apren<strong>de</strong>mos <strong>as</strong> obr<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>les e ainda prestamos culto às su<strong>as</strong> escultur<strong>as</strong>?” 67<br />

65 Ver DIAS, Geraldo Coelho; Op. cit.; p. 17<br />

66 Cfr. PANOFSKY, Erwin; O significado n<strong>as</strong> artes visuais; Ed. Presença; Lisboa; 1989; p.92<br />

67 Cit. Apologia, cap. XII in DIAS, Geraldo Coelho (apresentação, tradução e not<strong>as</strong>); “Bernardo <strong>de</strong> Claraval.<br />

Apologia para Guilherme, Aba<strong>de</strong>”; Fundação Eng. António <strong>de</strong> Almeida; Porto; 1997; pp. 64-65 / Cfr.<br />

Cistercians and Cluniacs. St. Bernard’s apologia to abbot William; Michael C<strong>as</strong>ey (trad.); Cistercian<br />

Publications; Kalamazoo, Michigan; 1970; p.64<br />

versão original: “Et qui<strong>de</strong>m alia causa est episcoporum, alia monachorum. Scimus namque quod illi,<br />

sapientibus et insipientibus <strong>de</strong>bitores cum sint, carnalis populi <strong>de</strong>votion<strong>em</strong>, quia spiritualibus non possunt,<br />

corporalibus excitant ornamentis. Nos vero qui iam <strong>de</strong> populo exivimus, qui mundi quaeque pretiosa ac<br />

speciosa pro Christo reliquimus, qui omnia pulchre lucentia, canore mulcentia, suave olentia, dulce sapientia,<br />

tactu placentia, cuncta <strong>de</strong>nique oblectamenta corporea arbitrate sumus ut stercora, ut Christum<br />

lucrifaciamus, quorum, quaeso, in his <strong>de</strong>votion<strong>em</strong> excitare intendimus? Qu<strong>em</strong>, inquam, ex his fructum

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