13.05.2013 Views

as arquitecturas de cister em portugal. a actualidade ... - Ubi Thesis

as arquitecturas de cister em portugal. a actualidade ... - Ubi Thesis

as arquitecturas de cister em portugal. a actualidade ... - Ubi Thesis

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

6. CISTER EM PORTUGAL: ARQUITECTURA vs. INSERÇÃO NO TERRITÓRIO<br />

Os beneditinos instalaram-se inicialmente a Norte m<strong>as</strong> foram-se<br />

expandindo para outr<strong>as</strong> partes do território <strong>de</strong> modo gradual sobretudo a partir<br />

do séc. XIII. Os mosteiros beneditinos apresentam uma tendência para a construção<br />

<strong>de</strong> igrej<strong>as</strong> <strong>de</strong> três naves com transepto, <strong>as</strong> variações <strong>de</strong>ste mo<strong>de</strong>lo<br />

foram introduzid<strong>as</strong> como consequência da riqueza da própria fundação, <strong>de</strong><br />

esmol<strong>as</strong> ou do patrocínio dos senhores locais. A cobertura da Igreja, nesta<br />

altura era feita através <strong>de</strong> travejamento <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e telha, sendo abobadada<br />

apen<strong>as</strong> a cabeceira.<br />

O Românico enquanto estilo europeu e abrangendo os séculos X, XI e XII<br />

(apesar d<strong>as</strong> su<strong>as</strong> diferenç<strong>as</strong> e característic<strong>as</strong> regionais), po<strong>de</strong> ser entendido<br />

como um todo, uno e íntegro, sendo-lhe por isso, muit<strong>as</strong> vezes, atribuído o estatuto<br />

<strong>de</strong> “primeiro estilo arquitectónico do Oci<strong>de</strong>nte”, sobretudo quando após o<br />

ano 1000 a Europa iniciou o seu movimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e <strong>as</strong>censão, no<br />

espaço universal.<br />

Para que se atingisse a verda<strong>de</strong>ira “internacionalização” do Românico<br />

muito contribuíram <strong>as</strong> du<strong>as</strong> reform<strong>as</strong> da Regra <strong>de</strong> S. Bento, uma levada a cabo<br />

pelos Cluniacenses, no séc. X, e outra levada a cabo pelos Cistercienses, no<br />

séc. XI. É <strong>de</strong> salientar que a partir do séc. XI, o monaquismo p<strong>as</strong>sou a apresentar<br />

característic<strong>as</strong> b<strong>em</strong> divers<strong>as</strong> do monaquismo <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> Oriental, que o<br />

antece<strong>de</strong>ra, centrado no isolamento e no <strong>as</strong>cetismo. 6<br />

Na Ida<strong>de</strong> Média, sobretudo no <strong>de</strong>correr do século XII, é importante ter <strong>em</strong><br />

atenção a existência <strong>de</strong> du<strong>as</strong> correntes estétic<strong>as</strong> paralel<strong>as</strong>, m<strong>as</strong> inteiramente<br />

opost<strong>as</strong> no que respeita à espiritualida<strong>de</strong> da arte. Uma <strong>de</strong>fendida por Bernardo<br />

<strong>de</strong> Claraval e pelos <strong>cister</strong>cienses, outra <strong>de</strong>fendida por Sugério <strong>de</strong> S. Dinis e pelos<br />

cluniacenses. 7<br />

A arquitectura e a arte <strong>cister</strong>cienses não têm como finalida<strong>de</strong> o <strong>de</strong>leite.<br />

Nada <strong>de</strong>verá <strong>de</strong>sviar a atenção <strong>de</strong> Deus. Assim <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o plano d<strong>as</strong> abadi<strong>as</strong> à<br />

simplicida<strong>de</strong> dos materiais escolhidos tudo se conjuga para elevar a procura <strong>de</strong><br />

Deus e busca da santida<strong>de</strong>. Para os <strong>de</strong>fensores da via <strong>as</strong>cética e da pobreza,<br />

apen<strong>as</strong> através da libertação dos bens materiais e da dádiva po<strong>de</strong> o Hom<strong>em</strong><br />

encontrar o amor espiritual e Deus.<br />

Cister é uma rigorosa <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> perfeição, a arte <strong>cister</strong>ciense é<br />

austera, <strong>de</strong>spojada, disciplinada fundamentando-se na busca <strong>de</strong> pureza <strong>de</strong><br />

linh<strong>as</strong>. Deste modo é feita a apologia <strong>de</strong> uma “estética da pobreza” segundo a<br />

qual apen<strong>as</strong> <strong>de</strong>verão ser apresentad<strong>as</strong> form<strong>as</strong> funcionais extr<strong>em</strong>amente<br />

simples, limitando-se à essência, tal como se po<strong>de</strong> observar nos arcos do<br />

primitivo claustro <strong>cister</strong>ciense do mosteiro <strong>de</strong> S. João <strong>de</strong> Tarouca.<br />

Consequent<strong>em</strong>ente, a uma opulência exuberante que está patente na arte<br />

românica, opõe-se uma estética da pobreza e da simplicida<strong>de</strong> que se limita ao<br />

6 Ver Capítulo 2<br />

7 Ver Capítulo 4, pp. 219 e seguintes<br />

463

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!