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A alma do mundo - Roger Scruton

conservadorismo filosofia política

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descrever os deveres envolvidos em casos como esses, meios nos quais não

pensamos na exigência absoluta em relação à conduta de outrem e que está

implicada na linguagem dos direitos.

Agora é fácil ver por que um libertário talvez seja contra a expansão da

lista de direitos humanos na hora de incluir deveres obrigacionais —

especialmente obrigações de benefícios não específicos como saúde,

educação, um determinado padrão de vida e daí em diante, muitos dos quais

aparecem na Declaração Universal dos Direitos Humanos com a aprovação

de Eleanor Roosevelt. Pois, na ausência de qualquer relação de risco e de

responsabilidade, ao especificar quem satisfaria essas exigências, elas

invariavelmente apontam o Estado como o seu único provedor possível. E

exigências cada vez mais amplas e cada vez mais vagas requerem uma

expansão monstruosa do poder estatal, uma rendição à situação de todos os

tipos de responsabilidade com as quais antes os indivíduos tinham de lidar,

além da centralização da vida social na máquina governamental. Em outras

palavras, deveres obrigacionais nos levam invariavelmente a uma direção

que, para muitas pessoas, é moral e politicamente perigosa. Além disso, é

uma direção que é diametralmente oposta àquela ideia do direito humano

(natural) que foi originalmente introduzida — uma direção que envolve o

aumento, e não a limitação, do poder do Estado.

Mas existe outra razão para a inquietação sobre a ideia de que os

deveres obrigacionais também podem ser direitos humanos. O raciocínio de

Hohfeld sugere que o conceito de um direito pertence a uma família de

conceitos — responsabilidade, imunidade, dever, permissão, poder e assim

por diante — que são conceitos modais, tais como possibilidade,

necessidade e probabilidade, ao identificar operações interligadas do

pensamento racional. O conceito de um direito pertence àquilo que alguém

chamaria (em uma deferência a Quine) de um “círculo de termos jurídicos”,

que são interdefiníveis de forma intricada, e que, entre eles, especifica uma

operação sistemática do intelecto racional. Há, repito, um “cálculo de

direitos, responsabilidades e deveres”, o qual os seres racionais usam para

manter uma ordem em suas disputas e para chegarem a um acordo sobre

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