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primeiras casas que ficavam no jardim de Ártemis, exceto os templos dos
deuses, as salas de assembleia e a biblioteca pública, que devia ser o
símbolo de seu orgulho cívico e pelo qual declaravam que o que lhes
importava mais depois dos deuses era a ideia da Grécia. E assim decretaram
que todas as construções em Cólofon, fosse uma casa, uma loja ou um
templo, fossem erguidas em pedra e em um estilo que existisse no livro dos
padrões dos colofonenses…
“O livro dos padrões não proibia inovações, mas as controlava, supondo
que as atitudes de rompimento já tinham acontecido — e que a cidade
precisava de um trabalho de consolidação. A arquitetura não pode progredir
como a música e a poesia, que se conformam somente à necessidade do
gênio. Ela é um empreendimento público: o arquiteto não constrói para um
cliente específico, mas para a cidade. Todos nós somos compelidos a viver
com o resultado, que, portanto, não pode ser ofensivo a ninguém. A
originalidade deve estar subordinada aos bons modos. Esse exemplo não é
diferente em relação ao vestuário, que deve ser original apenas se estiver
adequado. O livro dos padrões é o resultado de um longo processo de
tentativa e erro, no qual a aparência da cidade e os sentimentos dos cidadãos
foram gradualmente se conciliando, e uma relação de agradável conversa
foi estabelecida entre os edifícios e os transeuntes…
“Mas não identifiquei a verdadeira diferença entre a Cólofon antiga e a
moderna, ou o verdadeiro caminho em que moldamos ou somos moldados
por nossos edifícios. Parece-me que essas coisas não podem ser
compreendidas em termos seculares. Nossa arquitetura vem do templo, pelo
mesmo motivo que a cidade nasce do seu deus. A pedra do templo é a
tradução terrena da imortalidade do deus, que, por sua vez, é o símbolo de
uma comunidade e de sua vontade de viver. Como a liturgia, o templo é
para sempre, e a comunidade contém não apenas os vivos, mas também os
mortos e os não nascidos. E os mortos são protegidos pelo templo, que os
imortaliza na pedra. Isso é o que você entende instintivamente quando olha
para a arquitetura religiosa. E esse é o sentimento com o qual as cidades
crescem — a vontade da tribo de permanecer…