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A alma do mundo - Roger Scruton

conservadorismo filosofia política

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colofonenses proibiram qualquer construção ao seu lado, e ali fizeram um

jardim, com limeiras e álamos, para servir como os arredores do templo. E

foi a partir desse diálogo entre o templo e o seu jardim que a cidade cresceu.

Alguns trouxeram presentes de marcenaria e de decoração ao templo; outros

embelezaram o jardim com arbustos e gramados e fontes de água. E a cada

adição ao templo encontrou-se lá fora algum ornamento correspondente, até

que o distrito tornou-se uma obra de arquitetura feita de pedra em vez de

mato, madeira ou coisas que crescem.

“Muito há de se aprender com os jardins, especialmente aqueles que

estou a descrever. Em tais lugares, as plantas, os edifícios e as mobílias não

têm um uso especial. Há um propósito nos campos do fazendeiro e no

armazém do comerciante, mas não nos gramados e nas estátuas que ficam

em um jardim. Cada objeto está ali por nenhuma razão a não ser por si

mesmo. E nós também, quando visitamos os arredores, deixamos os nossos

propósitos para trás. Vagamos pela sombra, descansamos nossos espíritos

com a visão da água fresca que cai sobre as pedras de âmbar e ouvimos os

pássaros enquanto eles cantam acima de nós. E tudo sem propósito algum a

não ser o nosso próprio deleite nessas coisas. Além disso, o jardim é um

lugar social. As pessoas encontram umas com as outras, iniciam conversas,

talvez joguem juntas ou então sentem uma ao lado da outra em paz. E esses

modos de se estar em um jardim têm um significado peculiar, Perictione;

pois eles também estão livres de qualquer propósito. As pessoas em um

jardim estão além de propósitos, em um companheirismo que também é

uma forma de estar alerta diante do mundo…

“Aqui, em nosso jardim municipal, estamos em paz com cada um de nós

e com o mundo. E é a partir dessa paz que a cidade foi construída. Aqui vai

um fato curioso. A coluna de um templo foi frequentemente comparada ao

tronco de uma árvore… [Mas] a comparação é, em um sentido, altamente

ilusória. O tronco da árvore é muito mais alto do que uma coluna; ele está

coberto de imperfeições e irregularidades, espalha-se em ramos de

diferentes formatos e tamanhos, culmina sem nenhuma meta e levanta-se do

chão diretamente e sem uma base. Em resumo, não é como a coluna, exceto

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