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A alma do mundo - Roger Scruton

conservadorismo filosofia política

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todas essas questões, que absorveram a energia de todas as grandes mentes

filosóficas, de Platão até hoje. É suficiente dizer que ocorreram avanços na

sofisticação, mas nenhum avanço no consenso, a respeito da verdade

matemática. E isso significa que a questão da verdade teológica não pode

ser encerrada como se fosse simplesmente o desejo do ateu. Os monoteístas

são limitados pela sua própria teologia a aceitar que a explicação causal da

sua crença em Deus não pode fazer referência ao Deus em que eles

acreditam. Que essa crença deva ser explicada em termos de processos

biológicos, sociais e culturais é uma verdade contida na própria crença.

Logo, como essas explicações podem mostrar que as crenças são falsas?

A presença verdadeira 66

Isto não é um argumento a favor da verdade da crença religiosa, mas apenas

uma sugestão que tirará o ônus das mãos do fiel. Equivale a exigir que ateus

encontrem argumentos dirigidos ao conteúdo da crença, em vez de

argumentos direcionados às origens dela. Mas, agora, surge um novo

problema, muito familiar à teologia judaica, cristã e muçulmana desde a

época da Idade Média. Trata-se do problema da presença de Deus, que será

meu ponto de partida; por isso, preciso elaborá-lo com cuidado a partir

deste momento.

Que Deus está presente entre nós e que ele se comunica diretamente

conosco é uma alegação central do Velho Testamento. Esta “presença

verdadeira”, ou shekhinah, é, contudo, um mistério. Deus revela a si mesmo

ao se ocultar, como se ocultou de Moisés na sarça ardente, e conforme se

oculta dos seus adoradores no Tabernáculo (mishkhan) e no Santo dos

Santos. Os advérbios shekhinah e mishkhan vêm ambos do verbo shakhan,

significando morar ou se assentar: sakana no árabe, origem do substantivo

usado aqui e ali no Corão (por exemplo, al-Baqara, 2, 248) para descrever a

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