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Deus transcendente com a presença verdadeira, por meio da doutrina da
Encarnação. Porém, vejo essa doutrina como outra história, que não explica
o mistério da presença de Deus, apenas a repete.
No entanto, há algo mais a ser dito sobre a relação entre Deus e homem.
Em diversos pontos da minha argumentação, mencionei o argumento de
Thomas Nagel sobre o fato de que, a não ser que haja leis teleológicas
profundas governando o mundo natural, é um acidente improvável que nós,
humanos, sejamos guiados por nossa razão em direção à verdade e ao bem.
Inclino-me mais à posição de Kant na Crítica da razão pura: a de que a
natureza do nosso conhecimento orientada à verdade é fundada de maneira
transcendental. Por isso quero dizer que sua validade é pressuposta, até
mesmo pelas tentativas de refutá-la. Não há como um ser racional até
mesmo considerar a ideia de que seu pensamento possa ser
sistematicamente falso, ou que não seja passível de correção segundo seus
princípios internos. Portanto, parece-me improvável que um exemplo possa
se basear na explicação de Nagel, no caso a existência de um universo
governado por causas finais.
Contudo, ao mesmo tempo, os sujeitos existem no espaço das razões, e
elas existem conforme os padrões de validade. Se não fosse assim, então a
lei natural, a common law e a ordem da aliança não teriam qualquer
fundação. Se quisermos determinar por causas finais as razões, os
significados e as formas de responsabilidade racional que nos possibilitam
viver como sujeitos em um mundo comum, logo é provocativo e infundado
negar que essas causas finais existam.
Segue aqui um modo de ver o assunto. As leis da física são leis de causa
e efeito, que relacionam condições complexas às condições anteriores e
mais simples das quais elas fluem. Os princípios teológicos, portanto, não
podem deixar nenhuma marca visível na ordem da natureza, como a física a
descreve. Contudo, é como se nós, humanos, nos orientássemos por tais
princípios, em vez de sermos animais que se orientam pelo campo
magnético da terra. Na ordem da aliança, somos levados a uma certa
direção, guiados por razões cuja autoridade é intrínseca a elas. Se olharmos