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A alma do mundo - Roger Scruton

conservadorismo filosofia política

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modo como percebemos o mundo, não figuram assim nas teorias da física,

que se referem, em vez disso, a comprimentos de onda de luz refratada. Em

seus escritos seguintes, Sellars distinguiu o espaço da lei, no qual eventos

são representados de acordo com as leis da física, do espaço dos motivos

(ou das razões), em que os eventos são representados de acordo com as

normas de justificação e raciocínio que governam a ação humana. Essas

ideias foram elaboradas em um trabalho mais recente de John McDowell e

Robert Brandom, e eu suspeito que muito do que tenho a dizer encontrará

um eco em seus escritos. h Contudo, acredito que a distinção feita por Sellars

não vai ao centro da nossa categoria como sujeitos — a de que há,

subjacente a seu relato da “imagem manifesta”, uma teoria insuficiente do

exemplo em primeira pessoa e o seu papel no diálogo interpessoal.

Portanto, eu devo continuar no caminho que me parece mais imediatamente

promissor, fazendo referências a Sellars e a seus discípulos, mas indo além

de seus raciocínios específicos. Em particular, usarei a expressão de Husserl

e me referirei ao Lebenswelt, em vez da imagem manifesta, em parte porque

quero enfatizar que a distinção entre o mundo da ciência e o mundo em que

vivemos é tanto um assunto de razão prática como de percepção.

Dualismo cognitivo

Entretanto, seguirei Sellars sob um aspecto. Desenvolverei uma espécie de

dualismo cognitivo, de acordo com o qual o mundo pode ser compreendido

em duas vias incomensuráveis, o caminho da ciência e o caminho do

entendimento interpessoal. Existem outros precedentes na Filosofia para a

sugestão que quero fazer. Talvez Spinoza tenha sido o primeiro a

argumentar que o mundo é uma única coisa, visto de duas (pelo menos

duas) formas diferentes. i O pensamento e a extensão eram, para Spinoza,

dois atributos de uma única e unificada realidade. Ambos constituíam uma

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