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A alma do mundo - Roger Scruton

conservadorismo filosofia política

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música popular não era algo que os americanos deviam se libertar para

alguma coisa melhor, mas algo do qual deveriam ser libertados de alguma

coisa. Em resumo, ele era, segundo seu próprio olhar, um iconoclasta,

libertando o povo da dominação dos seus ídolos.

O significado do silêncio

Estamos claramente com sérios problemas agora; e não vamos nos salvar

simplesmente tendo uma abordagem imparcial geralmente promovida nos

cursos de apreciação musical. Nessa área, ser imparcial já é fazer um tipo

de julgamento: é sugerir que não importa o que você escute ou dance, e não

há nenhuma distinção moral entre os diversos hábitos auditivos surgidos na

era da reprodução musical. Essa é uma posição moralmente carregada, que

desafia o senso comum. Sugerir que as pessoas que vivem em uma

palpitação rítmica mecânica como um constante pano de fundo para seus

pensamentos e movimentos vivem do mesmo modo, com o mesmo tipo de

atenção e com o mesmo padrão de desafios e recompensas, como os que

conhecem música apenas ao sentar-se e ouvi-la, limpando enquanto isso a

sua mente de todas as outras reflexões — tal sugestão é algo violentamente

implausível.

Se colocarmos de forma lacônica, a diferença entre essas duas maneiras

de responder à música é a diferença que existe entre impedir o silêncio e

deixá-lo falar. A música em uma cultura que realmente escuta é uma voz

que surge do silêncio e que o usa como um pintor usa a sua tela: ele é a

prima materia com a qual a obra é composta, e as partes mais eloquentes de

um movimento de uma sonata clássica são geralmente as partes em que

nada pode ser ouvido, quando, por um breve momento, nós ouvimos

através da música o silêncio que há por trás dela, como ocorre nos

recitativos da Sonata em Ré menor de Beethoven, op. 31, nº 2, geralmente

conhecida como “A Tempestade”. Os temas podem ser pontuados pelos

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