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A alma do mundo - Roger Scruton

conservadorismo filosofia política

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deveria mudar, a visão de mundo de qualquer um que a observe por um

longo tempo. Há um mundo de informação contido nessa imagem — mas é

uma informação sobre alguma coisa, uma informação sobre aquilo, que não

é capturada pelo algoritmo que um computador tenha usado para traduzir,

pixel por pixel, naquela tela.

A pergunta é como irmos de um conceito de informação para o outro?

Como explicamos o surgimento de pensamentos sobre aquela alguma coisa

a partir de processos que são inteiramente explicados pela transformação de

dados visualmente decodificados? A ciência cognitiva não nos diz nada a

respeito disso. E os modelos computacionais do cérebro também não nos

dirão. Eles podem nos mostrar como imagens são codificadas em um

formato digitalizado e transmitidas naquele formato por vias neurais em

direção ao centro onde são “interpretados”. Mas esse mesmo centro não

interpreta de fato — a interpretação é um processo que nós realizamos, ao

chegarmos a conclusões, recuperarmos informações sobre aquilo e vermos

o que existe diante de nós. E também aquilo que não está lá, como a deusa

Vênus no quadro de Botticelli. Um cético sobre intencionalidade talvez diga

que isso simplesmente mostra que, em uma última análise, há apenas um

único conceito cientificamente respeitável de informação — e que não há,

na realidade, nada como tematicidade, e, portanto, nenhuma questão sobre

como devemos proceder de um conceito de informação para o outro. h Mas

precisaríamos de um argumento forte e independente antes de chegarmos a

essa conclusão. Afinal, a ciência não seria sobre o mundo, e não consistiria

precisamente na espécie de informação que o cético recusa admitir que

existe?

A falácia mereológica

No controverso livro The Philosophical Foundations of Neuroscience [Os

fundamentos filosóficos da neurociência], Max Bennett e Peter Hacker

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