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forma completa de conhecimento: poderíamos conhecer o mundo como
uma extensão, por meio do estudo da física. E através desse estudo
poderíamos conhecer, eventualmente, tudo o que há para ser conhecido.
Mas a ciência que resulta disso não faria nenhuma menção de ideias ou da
mente como o seu veículo. Da mesma forma, por meio do estudo de ideias,
poderíamos conhecer o mundo como pensamento, e através desse estudo
também poderíamos conhecer tudo o que há para ser conhecido. Porém, os
dois estudos seriam incomensuráveis. Não poderíamos ir de um para o outro
e novamente de volta, assim como não poderíamos passar de uma descrição
de um rosto pintado à descrição de pinceladas coloridas e voltar novamente,
esperando que se tenha um relato completo de um quadro. A analogia com a
pintura é imperfeita, mas nos ajuda a ver como o que é uma coisa quando
vista como um todo pode, todavia, ser entendida em detalhe de duas
maneiras incomensuráveis. j
A abordagem de Kant é parecida. O nosso mundo, argumenta ele, pode
ser interpretado do ponto de vista da compreensão, no qual o conhecemos
como uma rede de conexões causais disposta no tempo e no espaço e sujeita
a leis universais e necessárias. Mas alguns itens dentro deste mundo podem
ser vistos, e de fato devem ser vistos, de uma outra maneira, da perspectiva
da razão prática. Isso significa, do ponto de vista da compreensão, que eles
estão sujeitos a leis biológicas que determinam o seu comportamento e que
mostram que são, do ponto de vista da razão prática, um agente livre,
obediente às leis da razão. Esses dois pontos de vista são incomensuráveis:
isto é, não podemos deduzir de um deles uma descrição do mundo como
visto pelo outro. Muito menos podemos entender como um mesmo objeto
pode ser apreendido por ambas as perspectivas. De fato, talvez seja mais
correto dizer que a coisa que a compreensão vê como um objeto, a razão vê
como um sujeito, e que esta misteriosa identidade de sujeito e objeto é algo
que sabemos que existe, embora não possamos entender como existe, já que
não temos nenhuma perspectiva que nos permita entender ambos sujeito e
objeto em um único ato mental.