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A alma do mundo - Roger Scruton

conservadorismo filosofia política

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presença e bem estar são integrais para a identidade daquele que ama —

uma parte do fundamento do seu ser, para usar a formulação teológica.

Portanto, o amor — entendido propriamente — preenche o mundo com

outro tipo de necessidade, diferente daquela que deriva das obrigações da

caridade e da preocupação com o próximo. As pessoas se reconhecem como

ligadas por vínculos não transferíveis. Esses vínculos investem o outro de

um valor único e o diferencia de todas as outras pessoas do universo. Elas

encontram a sua realização desse modo, ao descobrirem objetos de atenção

e de afeição pelas quais não existem outros substitutos.

Além da aliança

Agora, se juntarmos essas três ideias, reconhecendo que seres humanos,

como pessoas, não apenas vivem em um mundo de contratos, mas também

em um mundo de votos, deveres devocionais e vínculos não transferíveis,

chegamos a outro aspecto da cognição interpessoal, e um que distancia

ainda mais aquela maneira de cognição da visão de mundo científica. Não

podemos viver em uma comunicação pessoal completa com a nossa espécie

se tratarmos todas as relações como contratuais. As pessoas não estão à

venda: dirigir-se ao outro como você em vez de como ele ou ela é vê-los

automaticamente como um indivíduo para quem não existe nenhum

substituto. Nas relações que realmente importam, os outros não são

obstáculos que surgem como membros de uma classe equivalente. Eu os

doto, nos meus sentimentos, com um tipo de individualidade que não pode

ser representada na linguagem da ciência, mas que demanda o uso de

conceitos que não seriam incluídos no esquema do senso comum das coisas

— tais como os conceitos do sacrifício e do sacramento.

Um outro modo de discutir esse assunto é usando a ideia do “vínculo

transcendente”. Nem todas as nossas obrigações são tomadas livremente e

criadas por escolha própria. Algumas recebemos por “fora da nossa

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