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onde estou como aqui, e o tempo no que estou falando como agora, não
tenho nenhum privilégio especial sobre o que está acontecendo no aqui e no
agora, além daqueles privilégios que dependem do meu uso do “eu”. Por
outro lado, está claro que não há um lugar para termos dícticos na ciência, e
que, assim como uma ciência unificada deve substituir qualquer referência
ao “aqui” e ao “agora” por posições identificadas em um espaço
quadridimensional, ela deve abandonar o uso do “eu”. Todavia, como
Thomas Nagel apontou, isso leva a um quebra-cabeça único sobre a relação
entre mim e o mundo. d Podemos imaginar uma descrição científica do
mundo que identifica todas as partículas e todos os campos de força, todas
as leis de movimento que governam suas mudanças, e que dá uma
identificação completa das posições de tudo em um determinado tempo.
Mas, mesmo que essa descrição esteja completa, há um único fato que não é
mencionado e que, para mim, é o mais importante: quais desses objetos
neste mundo sou eu? Onde estou, no mundo da ciência unificada? A
identificação de qualquer objeto no exemplo em primeira pessoa é
eliminada pelo empreendimento da explicação científica. Portanto, a ciência
não pode me dizer quem sou eu, menos ainda onde, quando e como.
Mesmo assim, não podemos nos enganar em pensarmos que as pessoas
têm uma existência puramente “subjetiva”, que de alguma maneira as
remove do contínuo espaço-temporal. Nós somos pessoas; mas as pessoas
também são objetos com quem nos encontramos no mundo da nossa
percepção. As pessoas afetam e são afetadas por outros objetos, e existem
leis que governam o seu vir a ser e o seu falecer.
Logo, as pessoas são objetos; mas também são sujeitos. Elas se
identificam na primeira pessoa, e esse modo de se identificar é uma parte
imutável do modo como as descrevemos. Uma pessoa é, para nós, alguém, e
não apenas alguma coisa. e As pessoas são capazes de responder à pergunta
“por quê?” quando questionadas sobre seu estado, suas crenças, suas
intenções, seus planos e seus desejos. Isso significa que, enquanto
geralmente tentamos explicar as pessoas da maneira com que explicamos