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A alma do mundo - Roger Scruton

conservadorismo filosofia política

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características que a música compartilha. De fato, sustento que, nesse caso,

elas são características (como o deslizar, o peso, o cansaço) que a música

não pode literalmente compartilhar. Então, ao explicar o que é ouvir tristeza

na música, simplesmente evitamos a própria noção que precisa ser

explicada — a noção de ouvir x em y, quando x é uma característica que y

não pode literalmente possuir.

Então, o que acontece quando ouvimos tristeza na música? Estamos

lidando com uma percepção metafórica — ao ouvir a música sob um

conceito que não se aplica a ela literalmente. j E fazemos isso ao nos

dirigirmos à música com a intencionalidade ampliada com a qual nos

dirigimos um ao outro, portanto situando a música dentro do Lebenswelt

onde situamos os nossos companheiros.

Significado e compreensão

Essas duas disputas, que resumi em apenas um esboço, nos fazem voltar ao

conceito que sugeri ser central a qualquer estudo humano de música — o

conceito de compreensão musical. Se a música tem um sentido, então se

trata daquilo que você entende quando a entende. O argumento, feito com

ênfase no caso da linguagem segundo Frege (e feito também por Dummett

em sua defesa), k deveria ser evidente a um filósofo analítico, apesar parecer

ter sido ignorado em boa parte da literatura da estética musical, não

conquistando qualquer posição, pelo o que sei, na neurociência da música. l

Uma teoria do significado musical é um conjunto de limitações na

compreensão musical — ela nos diz que, para entender a obra, deve

apreender um conteúdo específico por meio da sua audição ou da sua

performance, e então depois vem a questão sobre o que significa “apreender

um conteúdo”. Fica claro que isso é raramente, se tanto, uma questão de

identificar um objeto sobre o que a música é — nem mesmo no caso de

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