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A alma do mundo - Roger Scruton

conservadorismo filosofia política

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em outros animais, mas pouco diferentes em suas origens ou funções. Eles

sugerem que tais adaptações são “implantadas” no cérebro humano, para

serem entendidas no sentido de suas funções no processo cognitivo

subsequente, quando os inputs sensoriais levam a outputs comportamentais

que serviram à causa da reprodução. Além disso, os neurocientistas gostam

de insistir que os processos cerebrais representados na nossa percepção

consciente são apenas um ínfimo fragmento do que acontece dentro das

nossas cabeças. O “eu”, segundo o símile charmoso de David Eagleman, é

como um passageiro que caminha no deque de um cruzeiro oceânico

enquanto convence a si mesmo de que é ele quem move o navio com seu

próprio pé. b

As técnicas de neuroimagem foram usadas para lançar dúvidas sobre a

realidade da liberdade humana, para rever a descrição de razão e seu lugar

na natureza humana, e para questionar a validade da antiga distinção entre

espécie, que separava pessoa de animal, e o agente livre do organismo

condicionado. E quanto mais aprendemos sobre o cérebro e suas funções,

mais as pessoas imaginam se os velhos modos de manter as nossas vidas e

de resolver os nossos conflitos — os modos do julgamento moral, do

processo legal e da comunicação da virtude — são os melhores modos, e se

não haveria formas mais diretas de intervenção que nos levariam mais

rapidamente, mais seguramente e talvez mais gentilmente ao resultado

certo.

O sistema nervoso é uma rede de interruptores de sim/não, e cresce cada

vez mais a convicção de que ele funciona como “portão lógico”, o cérebro

sendo uma espécie de computador digital, que opera carregando

computações sobre a informação recebida através dos vários receptores

localizados ao redor do corpo, e depois transmitindo respostas apropriadas.

Essa convicção é reforçada pela pesquisa sobre as redes neurais artificiais,

nas quais os portões são conectados de maneira a imitar algumas das

capacidades do cérebro. A pesquisa em inteligência artificial se conecta

diretamente com a “ciência cognitiva”, uma disciplina que saiu

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