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A alma do mundo - Roger Scruton

conservadorismo filosofia política

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de causas supranaturais que surgem dentro da ordem natural, pois a ideia de

uma “causa supranatural” é perto do contraditório, mas como revelações do

sujeito, colocadas dentro do esquema das coisas onde a pergunta “por quê?”

pode ser feita claramente e também claramente respondida.

Qualquer monoteísmo razoável entenderá Deus não apenas como algo

transcendental, mas relacionado ao mundo no “espaço das razões”, em vez

de estar dentro do continnum das causas. Ele é a resposta para a pergunta

“por quê?” que é feita ao mundo como um todo. Você pode muito bem

dizer, junto com os ateus, que tal pergunta não tem uma resposta. Mas, se

você diz isso porque pensa que não existem “por quês?” cogentes à

pergunta além daqueles que procura por causas, então simplesmente está

fugindo do argumento. A fundação teleológica do mundo não é percebida

pela ciência, ou, pelo menos, descritível em termos científicos. Assim, ela

não pode ser provada nem refutada pelo método científico. Pode ser

estabelecida apenas por meio de uma teia de compreensão, ao mostrar,

como tentei fazer neste livro, que a responsabilidade [accountability] faz

parte da nossa natureza.

Sugeri que o Deus do Velho Testamento nos convida a entrar no reino da

aliança, com a promessa de que ele também o habita. Ao explorar a teoria

das declarações e dos poderes deônticos, traduzi a história do encontro com

Deus e os patriarcas em uma prosa filosófica comum. Também sugeri que

há, sublinhada pela natureza e pela aliança, uma outra ordem das coisas,

que se revela nos momentos de emergência, quando nos confrontamos com

a verdade de que estamos suspensos entre o ser e o nada. Ressaltei que a

ciência do ser humano, que vê o local de toda a atividade e de todo o

pensamento no cérebro, não encontrará, no organismo que explora, a coisa a

que nos dirigimos no espaço das razões. O “eu” é transcendental, o que não

significa que existe em qualquer lugar, mas sim que existe de um outro

modo, como a música existe de um modo diferente do som e Deus existe de

uma outra maneira do mundo. A busca por Deus geralmente parece ser

desesperada; mas os fundamentos usuais que nos são dados para pensá-lo

implicam que a busca por uma outra pessoa é igualmente desesperada. Por

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