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Tudo o que fizemos para dar prioridade à consciência em relação à matéria,
para dar poder ao self verdadeiro que existe dentro de nós, libertando-nos de
todas as preocupações temporais e sensoriais, nos trará perto do self
universal, o Brâman, que será o nosso refúgio final e lugar de sossego. A
doutrina lembra a de Santo Agostinho, em que não temos repouso até
descansarmos em Cristo, e a visão de São Paulo sobre o Espírito Santo, que
faz um paralelo expresso no trecho 9:28 do Gita: “aqueles que me adoram
com devoção (yoga) habitam comigo, e eu também estou neles.” Por todo o
Gita, é fato que encontramos os dois caminhos para a divindade — o
cosmológico e o psicológico — mesclados constantemente em um único
modo, como se o conhecimento interior do self fosse retrabalhado igual ao
conhecimento exterior do princípio divino pelo qual flui o mundo das
contingências. A procura pela fundação do mundo é a procura pelo eu que
olha para nós de um ponto fora do tempo.
O mesmo ocorre com os budistas, que, quando os tempos estão difíceis,
declaram que “se refugiam no Buda, no dharma (preceitos) e na sangha
(comunidade sagrada)”, sugerindo que um tipo de devoção pessoal tem
precedência sobre o nirvana até mesmo na mais impessoal de todas as
grandes crenças. Em todas as suas formas, a religião envolve uma súplica
do desconhecido para revelar-se tanto como o objeto e o sujeito do amor.
Olhar para Deus é olhar para a pessoa redimida, a quem você pode confiar a
sua vida.
O termo “pessoa” vem do latim persona, e originalmente se refere à
máscara teatral, e, portanto, ao personagem que falava através dela. A
palavra foi emprestada pelo Direito Romano para denominar os direitos e os
deveres do sujeito que está sob a lei. E encontrou um lar na filosofia,
quando Boécio definiu “pessoa” como “uma substância individual de
natureza racional”, sugerindo que uma pessoa é essencialmente uma pessoa,
e, portanto, não pode deixar de ser uma pessoa sem deixar de existir. Tomás
de Aquino pegou essa definição e reconheceu que ela nos dá uma essência
diferente daquela que nos é conferida pela filiação a uma espécie biológica.
Assim surge o problema, já reconhecido por Tomás de Aquino, mas que