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Pesquisa e mobilidade na cibercultura itinerâncias docentes

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A educação escolar enquanto rede de actantes 169<br />

<strong>na</strong> <strong>cibercultura</strong>, não se constrói conhecimento e não se desenvolvem relações<br />

de ensino-aprendizagem.<br />

A educação como rede sociotécnica:<br />

do individual ao coletivo<br />

Na minha escola primária, eu não fui nunca uma alu<strong>na</strong> da frente. A escola<br />

tinha bancos compridos sem encostos, afastados da parede porque a<br />

mestra não aceitava que a criança recostasse. Nessa escola, fui sempre do<br />

banco das mais atrasadas, sempre! Tive muita dificuldade para aprender,<br />

ou a escola não me servia, ou eu não servia para a escola, até hoje não defini<br />

muito bem [...] De modo que eu ia ficando no banco das atrasadas até<br />

não sei quando. Um dia aprendi alguma coisa e fui passando para o banco<br />

da frente com muito vagar, muita demora, muito esforço. (CORALINA,<br />

1981, p. 142)<br />

Esse depoimento de Cora Corali<strong>na</strong>, poetisa brasileira, evidencia de forma<br />

simples e rica a presença marcante do “banco”, objeto técnico, <strong>na</strong> construção<br />

do seu imaginário escolar. Embora o sentido de “banco” seja apresentado de<br />

forma conotativa e também denotativa, traz à to<strong>na</strong> a importância daquele<br />

artefato <strong>na</strong> lembrança de escola da autora. Com isso, é preciso repensar as<br />

“verdades” postas, retirar os véus da questão e destacar o lugar e a importância<br />

dos objetos técnicos <strong>na</strong> invenção e <strong>na</strong> consolidação da instituição escolar.<br />

Para isso, é preciso compreender a inserção dos objetos, como tecnologia<br />

de época, <strong>na</strong> sala de aula e nos processos educativos da escola. Pois, embora<br />

em muitas situações eles tenham sido tratados como simples coadjuvantes<br />

desse processo associativo formado <strong>na</strong> escola, em diversas situações foram<br />

protagonistas e possibilitaram a realização de inúmeras tarefas.<br />

Foi no fi<strong>na</strong>l do século XIX que o uso do quadro-negro e outros objetos<br />

instalaram-se <strong>na</strong>s escolas. Eles começaram a ocupar um espaço central <strong>na</strong><br />

sala de aula e, paulati<strong>na</strong>mente, consolidam-se os sistemas públicos de instrução<br />

elementar. A partir daí, crescem as exigências de um mínimo de mobiliário<br />

e material escolar.<br />

Nessa época, a ardósia, uma espécie de ancestral do quadro-negro, passa<br />

a compor o material escolar do aluno, sendo o principal instrumento de trabalho<br />

em meados do século XIX, antes da difusão do uso do quadro-negro

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