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Pesquisa e mobilidade na cibercultura itinerâncias docentes

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Crianças e redes sociais 367<br />

Duas estratégias metodológicas foram, então, inicialmente cogitadas:<br />

entrevistar crianças em grupo em alguma escola – a intenção era realizar<br />

ofici<strong>na</strong>s que disparassem conversas espontâneas e permitissem discutir as<br />

questões já formuladas e suscitar outras mais. Dentre os fatores positivos,<br />

destacavam-se a possibilidade de encontrar crianças que já mantinham relações<br />

de intimidade no contato presencial e on-line, além da segurança da<br />

roti<strong>na</strong> dos encontros, a manutenção do grupo e a fixidez do campo.<br />

Entretanto, <strong>na</strong>quela ocasião duas hipóteses já eram a<strong>na</strong>lisadas com cautela:<br />

a primeira, a tensão em se eleger a escola como lócus de uma pesquisa<br />

que pretendia colocar em discussão os usos de sites proibido para crianças;<br />

a outra, a problemática que se instauraria ao convidar crianças que já usassem<br />

o site sem aguçar a curiosidade de quem ainda nem o conhecia. Como<br />

conversar com crianças sobre algo que tem seu uso literalmente bloqueado<br />

escolha abarcaria <strong>na</strong> escola e burlado fora dela? Que implicações éticas esta<br />

É certo que tais implicações poderiam enriquecer a discussão <strong>na</strong> escola<br />

acerca dos usos das mídias digitais entre adultos e crianças e entre os próprios<br />

adultos. Mas no âmbito da Educação, pesquisas que escapam de investigações<br />

acerca da didatização ou pedagogização dessas mídias têm apontado<br />

fragilidades ao considerar a escola como espaço de interlocução. Dedicar-se<br />

a compreender como as crianças utilizam, ressignificam e se relacio<strong>na</strong>m com<br />

a tecnologia fora de uma perspectiva escolarizada pode muitas vezes representar<br />

uma ameaça à instituição ou abrir um debate que a escola não parece<br />

interessada em aderir. Assim, a pesquisa <strong>na</strong> escola foi descartada.<br />

Outra opção seria a observação dos perfis numa espécie de investigação<br />

solitária. Práticas de bisbilhotagem e voyeurismo em sites de redes sociais<br />

são frequentemente temas de debate sobre exposição da vida particular, ética,<br />

prazer em olhar a vida alheia, entre outros. Em meio a isso, é interessante<br />

perceber que os próprios sites em questão criam ajustes, mudanças em suas<br />

estruturas no sentido de corresponder aos desejos e necessidades dos usuários.<br />

Um exemplo seria a sofisticação das configurações de privacidade que<br />

muitas vezes colocam os usuários diante de dilemas éticos. No Orkut, por<br />

exemplo, para saber quem visitou seu perfil, há que se permitir ser visto ao<br />

visitar o perfil de alguém. E, nestas condições, muitos usuários adultos do<br />

meu convívio particular admitem criar perfis alter<strong>na</strong>tivos para verem sem<br />

serem vistos. Entre as crianças, contudo, constatou-se que muitas delas mantêm<br />

grande parte das informações de seus perfis indisponíveis para quem<br />

não compõe sua lista de contatos, o que recoloca o debate acerca da superex-

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