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Pesquisa e mobilidade na cibercultura itinerâncias docentes

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PESQUISA E MOBILIDADE NA CIBERCULTURA<br />

nômades que operam em espaços físicos não contíguos. (SANTAELLA, 2010)<br />

O dialogismo praticado <strong>na</strong> rede digital reverbera <strong>na</strong>s práticas da cidade, que<br />

passam a buscar novos métodos de tomada de decisões, de convivência, novas<br />

práticas em economia e gestão, baseadas nos princípios da Economia<br />

Solidária, dentre outros conhecimentos acumulados. A simultaneidade das<br />

práticas ocorridas entre cidade e ciberespaço contribui com a percepção de<br />

que as fronteiras que dicotomizam real e virtual devem ser cada vez mais<br />

problematizadas, levando em consideração a complementariedade e circularidade<br />

das práticas. Há ainda forte tensão no discurso dos ocupantes que<br />

enfatizam a importância de “sair do Facebook e ir pra rua”, apesar de transmitirem<br />

essa mensagem no próprio Facebook.<br />

De acordo com Hardt e Negri (2005, p. 118), “as novas dimensões do poder<br />

requerem novas dimensões de resistência”, por isso estaríamos “inventando<br />

lutas em rede”, no momento em que o capitalismo se renova com as<br />

novas redes de comunicação. Procurando fazer uma genealogia das formas<br />

de resistência, os autores observam que, desde 1968, a forma dos movimentos<br />

de resistência e libertação começou a mudar: “não era ape<strong>na</strong>s uma questão<br />

de ‘conquistar corações e mentes’, e sim de criar novos corações e mentes<br />

através da construção de novos circuitos de comunicação, novas formas de<br />

colaboração social e novos modos de interação.” Nesse processo, os autores<br />

observam uma “tendência para ir além do modelo da moder<strong>na</strong> guerrilha, em<br />

direção a formas mais democráticas de organização em rede.” (HARDT; NE-<br />

GRI, 2005, p. 118) O modelo zapatista é emblemático do processo de transposição<br />

das táticas de guerrilha do campo para a cidade, <strong>na</strong>s quais o foco não<br />

é mais o ataque aos poderes domi<strong>na</strong>ntes, mas a transformação da própria<br />

cidade.<br />

A cidade é uma selva. Os guerrilheiros urbanos conhecem seu terreno de<br />

forma capilar, de modo que podem a qualquer momento unir-se para atacar<br />

e em seguida dispersar-se, desaparecendo em seus esconderijos. Cada<br />

vez mais, no entanto, o foco não estava em atacar os poderes domi<strong>na</strong>ntes,<br />

mas em transformar a própria cidade. Nas lutas metropolita<strong>na</strong>s, tornou-se<br />

cada vez mais intensa a estreita relação entre desobediência e resistência,<br />

entre sabotagem e deserção, contrapoder e projetos constituintes. (HAR-<br />

DT; NEGRI, 2005, p. 119)<br />

As redes de informação, comunicação e cooperação, que são os eixos<br />

fundamentais da produção pós-fordista, começam a definir os novos movi-

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