27.05.2016 Views

Pesquisa e mobilidade na cibercultura itinerâncias docentes

Pesquisa%20e%20mobilidade%20repositorio

Pesquisa%20e%20mobilidade%20repositorio

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

172<br />

PESQUISA E MOBILIDADE NA CIBERCULTURA<br />

1994), saltando a estrutura para a interação individual sem dar atenção às<br />

mediações, às redes que se formam antes de ir de um ponto a outro.<br />

A esse respeito, Latour (1994, p. 42) argumenta:<br />

Por crer <strong>na</strong> separação total dos humanos e dos não-humanos, e por simultaneamente<br />

anular esta separação, a Constituição tornou os modernos<br />

invencíveis. [...] À esquerda, as coisas em si; à direita, a sociedade livre dos<br />

sujeitos falantes e pensantes. Tudo acontece no meio, tudo transita entre<br />

as duas, tudo ocorre por mediação, por tradução e por redes, mas este lugar<br />

não existe, não ocorre. É o impensado, o impensável dos modernos.<br />

Nesse contexto, Simondon (2007) afirma que a oposição entre a cultura<br />

e a técnica, entre o homem e o objeto, é falsa e sem fundamento; ela esconde<br />

ape<strong>na</strong>s ignorância ou ressentimento. Ela mascara atrás de um humanismo<br />

fácil uma realidade rica em esforços humanos e em forças <strong>na</strong>turais e que<br />

constitui o mundo dos objetos técnicos, mediadores entre a <strong>na</strong>tureza e o<br />

homem. (COUTO, 2007)<br />

Partindo desta premissa, André Lemos (2013b) comenta que <strong>na</strong> comunicação<br />

e <strong>na</strong> educação esse parece ser um dos principais dogmas: o sujeito de<br />

um lado, as mídias e tecnologias do outro.<br />

É preciso entender que a configuração da escola e dos ambientes de<br />

aprendizagem são sempre híbridos, pois são formados <strong>na</strong>turalmente pela associação<br />

entre indivíduos e tecnologias/objetos. Ou seja, desde sua origem e,<br />

principalmente, hoje, com as tecnologias digitais e os objetos infocomunicacio<strong>na</strong>is<br />

e não pela separação hierarquizada destes em sujeito dono da ação<br />

e objeto inerte. Aqui, entendemos híbrido como miscige<strong>na</strong>ção, aquilo que é<br />

originário de duas espécies diferentes, mas que se complementam em uma<br />

simbiose. (SANTAELLA, 2008)<br />

Assim, Lemos (2013b) define que o ambiente escolar é um híbrido de<br />

instrumentos educacio<strong>na</strong>is e discipli<strong>na</strong>res desde sempre (salas, laboratórios,<br />

equipamentos, regras de conduta, rituais cotidianos e filas, cadernetas escolares<br />

e boletins de notas etc.). Portanto, não podemos separar humanos<br />

e não humanos no espaço escolar. Temos, ao contrário, que revelá-los <strong>na</strong>s<br />

controvérsias.<br />

Fenwick e Edwards (2010, p. 5) apontam para essa importância material<br />

e sociotécnica dos objetos <strong>na</strong> consolidação da escola:<br />

Giz e livros didáticos, testes e bancos de dados, carteiras de estudante,<br />

equipamentos de playground, mesas, boletins... : a educação poderia ser

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!