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Pesquisa e mobilidade na cibercultura itinerâncias docentes

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PESQUISA E MOBILIDADE NA CIBERCULTURA<br />

vida e do mundo social que estuda, compartilhando seus vários momentos e<br />

caracterizando uma observação participante. (COHN, 2005, p. 10) Seguindo<br />

este raciocínio, vêm surgindo no âmbito de pesquisas sobre objetos de estudo<br />

que se localizam no ciberespaço uma série de novas metodologias fundamentadas<br />

nos pressupostos mais básicos da etnografia. Ciberetnografia,<br />

webetnografia, netnografia, etnografia virtual, etnografia on-line. Muitos<br />

artigos lidam com esses termos como sinônimos ou tratam de caracterizá-<br />

-los pela origem em determi<strong>na</strong>da área de estudos, sendo que em Educação<br />

ainda são escassas as pesquisas que abordem a questão enquanto discussão<br />

metodológica. Portanto, diferenciar cada termo conceitualmente exigiria<br />

um aprofundamento em pesquisas de Marketing ou Ciências Sociais, o que,<br />

neste momento, não perece fecundo. Por ora, o que se tor<strong>na</strong> central discutir<br />

é em que medida a etnografia oriunda da Antropologia inspira a pesquisa<br />

que se desenvolve com as crianças <strong>na</strong>s redes sociais da internet.<br />

O primeiro traço que merece ser destacado para particularizar a discussão<br />

é a imersão em campo <strong>na</strong> condição de usuária dos sites de redes sociais<br />

em que se dá a pesquisa de campo. Se inicialmente a entrada no Orkut e no<br />

Facebook tinha o único objetivo de espreita, pouco tempo depois passei,<br />

eu mesma, a usar o site com interesses pessoais, tal como meus observados,<br />

recolocando a noção de observação participante – talvez para uma “participação<br />

observante”. O que quero dizer é que, após o período exploratório,<br />

minha participação <strong>na</strong>queles sites não se deu ape<strong>na</strong>s visando a uma observação<br />

investigativa, mas também para contatos pessoais, caracterizando ações<br />

misturadas, fluidas <strong>na</strong>s minhas atividades on-line.<br />

É importante associar essa discussão também à questão geracio<strong>na</strong>l que<br />

permeia análises acerca das relações com as mídias digitais. Ainda que eu seja<br />

uma usuária dos sites em questão, não sou uma criança que <strong>na</strong>sceu no contexto<br />

de ascensão das redes sociais. Estas condições nos posicio<strong>na</strong>m – a mim e às<br />

crianças – de maneira qualitativamente diferente em relação aos nossos usos;<br />

diferenças que, é bom lembrar, não nos hierarquizam, ape<strong>na</strong>s caracterizam<br />

nossa presença no ciberespaço.<br />

Por esses e outros motivos, a pesquisa não se limitaria ape<strong>na</strong>s à observação<br />

dos perfis das crianças, mas principalmente, apontava para a necessidade<br />

de buscar entender os usos das crianças a partir do que elas têm efetivamente<br />

a dizer, recuperando a noção também da prática etnográfica do interesse<br />

em entender o ponto de vista do <strong>na</strong>tivo. (COHN, 2005, p. 10) Como conversar<br />

com crianças? Onde?

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