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Pesquisa e mobilidade na cibercultura itinerâncias docentes

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Ocupar como prática de cidadania 329<br />

inseparável da ideia de sua marcha no interior de um tempo vazio e homogêneo.<br />

A crítica da ideia do progresso tem como pressuposto a crítica da ideia<br />

dessa marcha”. Atualmente, no Rio de Janeiro, estamos vivendo mais uma<br />

vez a construção de um projeto de cidade imposto de cima para baixo que,<br />

literalmente, se propõe a passar por cima de quem está embaixo. Um primeiro<br />

movimento emblemático nesse sentido foi a gestão de Pereira Passos <strong>na</strong><br />

Prefeitura da Cidade, <strong>na</strong> virada dos séculos XIX e XX, conhecida como “bota<br />

abaixo” por conta do enorme número de demolições de casas populares para<br />

a construção uma cidade moder<strong>na</strong> inspirada em Paris. Agora, <strong>na</strong> virada do<br />

século XX para o XXI, vemos um novo projeto de cidade, que chamamos<br />

“cidade-empresa”, refletindo as práticas neoliberais de privatização do público.<br />

Novamente, as demolições e desapropriações das casas dos pobres é a<br />

estratégia mais comum <strong>na</strong> limpeza (ou gentrificação) da cidade para os ricos.<br />

Obviamente, esse cenário não é exclusividade do Rio de Janeiro e é o<br />

estopim para os diversos levantes da multidão pelo mundo. “A consciência<br />

de fazer explodir o continuum da história é própria às classes revolucionárias<br />

no momento da ação.” (BENJAMIN, 1994, p. 230) Temos testemunhado uma<br />

insatisfação global com o projeto de progresso que vem sendo imposto há<br />

muitos séculos à humanidade. A globalização do mercado generalizou uma<br />

situação de precariedade por todo o planeta, atingindo inclusive os países<br />

hegemônicos, que sentem agora as perdas do Estado de bem-estar social que<br />

aqui no Brasil nunca existiu. A comunicação em rede conectou as pessoas<br />

num fluxo de informações e trocas planetárias a partir do qual não seria<br />

mais possível manter qualquer barreira física que impedisse a transformação<br />

dos pensamentos e a movimentação dos corpos. Milhões de pessoas têm se<br />

levantado em todas as partes do mudo contra esse projeto de progresso que<br />

beneficia ape<strong>na</strong>s a minoria no poder. Os acontecimentos são acelerados, simultâneos<br />

e acontecem numa proporção nunca antes vista – pelo menos não<br />

via streamming. Não é fácil escrever este texto tendo essa conjuntura como<br />

campo de estudo. Mas este é o desafio que estou me colocando, <strong>na</strong> busca de<br />

“despertar no passado as centelhas da esperança”, levando em consideração<br />

de que a luta por um mundo melhor para todos é uma causa tão antiga e<br />

fundamental pela qual muitos inclusive perderam a vida lutando. Por isso,<br />

além de concordarmos com Benjamin (1994, p. 224-225) de que “existe um<br />

encontro secreto, marcado entre as gerações precedentes e a nossa”, ou seja,<br />

somos sujeitos de um longo processo histórico marcado por conflitos e lutas

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