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tornou mortal por causa da alma pecadora e se ela praticar a justiça, novamente o<br />

próprio corpo fruirá <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> glória. Alguns opinam que “espírito” é o carisma ou dom<br />

que se extingue ao pecarmos. É punida a carne, dizem eles, a fim <strong>de</strong> que tal não<br />

aconteça, <strong>de</strong> sorte que o espírito <strong>as</strong>sim melhore, atraia a graça, e ela seja salva naquele<br />

dia. Por conseguinte, trata-se <strong>de</strong> solicitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> alguém que prefere curar a cortar<br />

simplesmente ou c<strong>as</strong>tigar <strong>de</strong> modo inconsi<strong>de</strong>rado e vão. É maior o lucro que o c<strong>as</strong>tigo,<br />

porque este é temporário, enquanto o lucro é perpétuo. Aliás, ele não disse simplesmente:<br />

“A fim <strong>de</strong> que o espírito seja salvo” e sim: “No dia”. Foi bom e oportuno relembrarlhes<br />

aquele dia, a fim <strong>de</strong> que eles com maior prontidão ace<strong>de</strong>ssem à medicina, e o<br />

culpado recebesse melhor, não enquanto palavr<strong>as</strong> irad<strong>as</strong>, m<strong>as</strong> qual solícita providência<br />

paterna. Por isso afirma: “Para a perda da sua carne”, já impondo limites ao diabo, e<br />

não permitindo que p<strong>as</strong>s<strong>as</strong>se além, conforme o Senhor dizia a respeito <strong>de</strong> Jó: “M<strong>as</strong><br />

poupa-lhe a vida” (Jó 2,6).<br />

Em seguida, proferida a sentença com brevida<strong>de</strong>, sem se <strong>de</strong>ter, novamente repreen<strong>de</strong><br />

os fiéis, acentuando:<br />

6. Não é digno o vosso motivo <strong>de</strong> vanglória!<br />

Indica que até então eles não o tenham <strong>de</strong>ixado se arrepen<strong>de</strong>r, vangloriando-se. Logo<br />

<strong>de</strong>clara que não o faz somente poupando-o, m<strong>as</strong> também a eles, e portanto, acrescenta:<br />

Não sabeis que um pouco <strong>de</strong> fermento leveda toda a m<strong>as</strong>sa?<br />

Embora o pecado seja <strong>de</strong>le só, afirma, negligenciado, corromperia o restante do corpo<br />

da Igreja. Pois, quando o que pecou primeiro não foi c<strong>as</strong>tigado, logo outros perpetrarão o<br />

mesmo. Assim se expressa a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar que a luta e o perigo são peculiares a<br />

toda a Igreja e não a um só, e por isso utilizou a comparação com o fermento.<br />

Efetivamente, apesar <strong>de</strong> ser pouco, o fermento leveda toda a m<strong>as</strong>sa; também nesse c<strong>as</strong>o,<br />

se ficar impune, sem c<strong>as</strong>tigo um gran<strong>de</strong> pecado, corromperá os <strong>de</strong>mais.<br />

7. Expurgai o velho fermento.<br />

Isto é, este <strong>de</strong>sonesto; ou antes, não se refere somente a este, m<strong>as</strong> também<br />

subenten<strong>de</strong> os <strong>de</strong>mais. Velho fermento não é apen<strong>as</strong> a fornicação, m<strong>as</strong> também qualquer<br />

vício. E não disse: Purificai, e sim: “Expurgai”, quer dizer, limpai com apuro, <strong>de</strong> tal<br />

sorte que não fique resíduo, nem sombra <strong>de</strong> tal malda<strong>de</strong>. Ao dizer: “Expurgai”, acentua<br />

existir ainda entre eles a malda<strong>de</strong>. E ao dizer: para ser<strong>de</strong>s nova m<strong>as</strong>sa, já que sois sem<br />

fermento, <strong>de</strong>clara e manifesta que o vício não domina a muitos. Se afirma, contudo: “Já<br />

que sois sem fermento” não usa esta expressão porque todos já estavam puros, m<strong>as</strong><br />

indicando como lhes convinha ser.<br />

Pois Cristo, nossa Páscoa, foi imolado.<br />

8. Celebremos, portanto, a festa, não com velho fermento, nem com fermento <strong>de</strong><br />

malícia e perversida<strong>de</strong>, m<strong>as</strong> com pães ázimos: na pureza e na verda<strong>de</strong>.<br />

Desta forma, Cristo chamou a doutrina <strong>de</strong> fermento. Ele, porém, mantém a metáfora,<br />

relembrando-lhes a história antiga, bem como a páscoa, os ázimos, e os benefícios <strong>de</strong><br />

então e atuais, e o suplício e <strong>as</strong> pen<strong>as</strong> infligid<strong>as</strong>.<br />

É festa, portanto, o tempo presente. Ao dizer: “Celebremos a festa”, não se exprimia<br />

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