26.03.2018 Views

patrc3adstica-vol-27_2-comentc3a1rio-as-cartas-de-sao-paulo-sao-joao-crisc3b3stomo

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

disse, e Paulo dava-lhe testemunho <strong>de</strong> virtu<strong>de</strong>. “À Igreja <strong>de</strong> Deus que está em Corinto.”<br />

Novamente <strong>de</strong>nomina-os Igreja, congregando-os e pren<strong>de</strong>ndo-os na unida<strong>de</strong>.<br />

Efetivamente não se po<strong>de</strong> constituir uma Igreja se os que a compõem acham-se<br />

separados e dissi<strong>de</strong>ntes. “Assim como a todos os santos que se encontram na Acaia<br />

inteira.” Conjuntamente, honra os coríntios ao saudá-los todos por meio da carta, e<br />

reconcilia todo o povo. Chama-os <strong>de</strong> santos, <strong>de</strong>notando que os impudicos lhe são<br />

estranhos. E por que, ao escrever para a metrópole, dirige-se a todos por meio <strong>de</strong>la? Não<br />

costuma agir <strong>de</strong>sta maneira. De fato, ao escrever aos tessalonicenses, não escrevia aos<br />

macedônios. Ao escrever aos efésios, não abrangia toda a Ásia. Enfim, nem a Carta aos<br />

Romanos foi enviada também aos que viviam na Itália. Aqui, porém, ele o faz e<br />

igualmente na Carta aos Gálat<strong>as</strong>. Não escreve neste c<strong>as</strong>o a uma, du<strong>as</strong> ou três cida<strong>de</strong>s,<br />

m<strong>as</strong> às da diáspora, nesses termos: “Paulo, apóstolo – não da parte dos homens nem por<br />

intermédio <strong>de</strong> um homem, m<strong>as</strong> por Jesus Cristo e Deus Pai que o ressuscitou <strong>de</strong>ntre os<br />

mortos – e todos os irmãos que estão comigo, às Igrej<strong>as</strong> da Galácia. Graça e paz a vós”<br />

(Gl 1,1-3). Além disso, escreveu também uma carta aos hebreus em geral, sem distinguilos<br />

por cida<strong>de</strong>s. Qual o motivo? A meu ver, foi porque aí a enfermida<strong>de</strong> estava<br />

generalizada. A carta é comum porque eles precisavam <strong>de</strong> correção comum. Também os<br />

gálat<strong>as</strong> todos sofriam da mesma doença, também os hebreus, e em minha opinião<br />

também esses. Por isso, tendo congregado toda a nação, e os saud<strong>as</strong>se como costumava<br />

fazer: “A vós graça e paz da parte <strong>de</strong> Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo!”,<br />

escuta o início conveniente ao <strong>as</strong>sunto: “Bendito seja Deus e Pai <strong>de</strong> nosso Senhor Jesus<br />

Cristo, o Pai d<strong>as</strong> misericórdi<strong>as</strong> e Deus <strong>de</strong> toda consolação!” De que modo, pergunt<strong>as</strong>,<br />

isso se adapta ao presente <strong>as</strong>sunto? De muitos. Pon<strong>de</strong>ra o seguinte: Causava-lhes muito<br />

aborrecimento e perturbação o fato <strong>de</strong> não ter vindo o Apóstolo, apesar <strong>de</strong> haver<br />

prometido e no entanto g<strong>as</strong>tara todo o tempo na Macedônia, e parecia ter dado<br />

preferência a estes. No intuito <strong>de</strong> resolver o tumulto, expõe a causa da ausência. Não a<br />

explana, contudo, claramente, nem diz: Sei, na verda<strong>de</strong>, que prometi ir ver-vos, m<strong>as</strong> fui<br />

impedido por tribulações; perdoai-me, e não me acuseis <strong>de</strong> certo orgulho ou negligência.<br />

De fato, apresenta outra razão mais importante, mais digna <strong>de</strong> crédito, enaltecendo-a<br />

pelo consolo, <strong>de</strong> sorte que doravante não pergunt<strong>as</strong>sem mais por que hesitara em ir para<br />

junto <strong>de</strong>les. E o faz, como alguém que anunciara uma visita a um amigo, e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

p<strong>as</strong>sar por inúmeros perigos, vem vê-lo e diz: Glória a ti, ó Deus, que me mostr<strong>as</strong>te a<br />

face amada e <strong>de</strong>sejada; bendito és, meu Deus, por causa dos perigos <strong>de</strong> que me livr<strong>as</strong>te.<br />

Essa doxologia torna-se <strong>de</strong>fesa contra futura acusação e impe<strong>de</strong> que se queixem <strong>de</strong> sua<br />

tardança. Com efeito, seria vergonhoso arr<strong>as</strong>tar a um tribunal aquele que agra<strong>de</strong>ce a<br />

Deus que o libertou <strong>de</strong> tantos males, e exigir c<strong>as</strong>tigo por su<strong>as</strong> <strong>de</strong>long<strong>as</strong>. Por isso, <strong>as</strong>sim<br />

inicia: “Bendito seja o Deus d<strong>as</strong> misericórdi<strong>as</strong>”. Com ess<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong> insinua que, pelo<br />

auxílio <strong>de</strong> Deus, foi isento e libertado <strong>de</strong> enormes perigos. Assim, Davi o invoca nem<br />

sempre do mesmo modo, nem por idênticos motivos. De fato, ao falar da guerra e da<br />

vitória, diz: “Eu te amo, Senhor, minha força, Senhor, meu protetor” (Sl 18,2). Ao se<br />

referir à tribulação, da qual foi libertado e da obscurida<strong>de</strong> que o cercava, dizia: “O<br />

Senhor é minha luz e minha salvação” (Sl <strong>27</strong>,1). E <strong>de</strong>nomina-o ora segundo seu amor<br />

362

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!