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fortaleza <strong>as</strong> aflições corporais, e quant<strong>as</strong> enumerou, m<strong>as</strong> também <strong>as</strong> que tocavam<br />

diretamente a alma. Ess<strong>as</strong> não costumavam <strong>de</strong>stacar-se. Certamente Jeremi<strong>as</strong>, que<br />

sofreu muit<strong>as</strong> provações, justificava-se e, cercado <strong>de</strong> opróbrios, dizia: “Não profetizarei,<br />

já não falarei em seu nome” (Jr 20,9). Davi também se queixava <strong>de</strong> ser insultado. E<br />

Isaí<strong>as</strong>, após muit<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong> sobre o <strong>as</strong>sunto, exorta: “Não temais a injúria dos homens;<br />

não fiqueis apavorados com o seu <strong>de</strong>sprezo” (Is 51,7). E ainda Cristo aos seus<br />

discípulos: “Quando, mentindo, disserem todo o mal contra vós por causa <strong>de</strong> mim,<br />

alegrai-vos e regozijai-vos, porque será gran<strong>de</strong> a vossa recompensa nos céus” (Mt 5,11-<br />

12), e em outra p<strong>as</strong>sagem: “E exultai” (Lc 6,23). Ora, não teria <strong>de</strong>terminado tão gran<strong>de</strong><br />

recompensa, se o combate não fosse intenso. Nos tormentos o corpo partilha <strong>as</strong> dores<br />

com a alma, pois a dor tem a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> atingir o corpo e a alma, enquanto <strong>as</strong><br />

injúri<strong>as</strong> atacam só a alma. Muitos certamente só com el<strong>as</strong> ficaram prostrados, e<br />

causaram dano à alma. E ao próprio Jó foram mais pesados os insultos com os quais os<br />

amigos o oneraram do que os vermes e <strong>as</strong> úlcer<strong>as</strong>. Nada existe, diria, nada é mais<br />

intolerável aos oprimidos pel<strong>as</strong> dores do que a ofensa. Por isso, o Apóstolo enuncia ao<br />

lado dos perigos e dos suores est<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong>: “Na glória e no <strong>de</strong>sprezo”. Houve muitos,<br />

realmente, até entre os ju<strong>de</strong>us, que não quiseram abraçar a fé para não per<strong>de</strong>r a fama<br />

que tinham diante do povo. Não temiam suplícios, e sim ser expulsos d<strong>as</strong> sinagog<strong>as</strong> (cf.<br />

Jo 12,42). Por isso dizia Cristo: “Como po<strong>de</strong>reis crer, vós que recebeis glória uns dos<br />

outros?” (Jo 5,44). É possível encontrar muitos que, tendo <strong>de</strong>sprezado tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> situações<br />

doloros<strong>as</strong>, foram superados pela glória.<br />

Tidos como impostores e, não obstante, verídicos; é idêntico à expressão: “Na boa e<br />

na má fama”.<br />

Como <strong>de</strong>sconhecidos, não obstante, conhecidos; Igual à locução: “Na glória e no<br />

<strong>de</strong>sprezo”. Eram conhecidos por alguns que os respeitavam; outros nem se dignavam<br />

reconhecê-los.<br />

9. como moribundos, e, não obstante, eis que vivemos;<br />

Como réus con<strong>de</strong>nados à morte, o que era ign​omínia.<br />

Desta forma ora exprimia o inenarrável po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Deus, ora a sua paciência. Pois,<br />

enquanto <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dos que nos armam cilad<strong>as</strong>, estamos mortos, e <strong>as</strong>sim todos nos<br />

consi<strong>de</strong>ram; m<strong>as</strong> pelo po<strong>de</strong>r divino escapamos dos perigos.<br />

Em seguida, expondo por que Deus o permite, acrescenta: como punidos e, não<br />

obstante, livres da morte;<br />

Com est<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong> indica que <strong>as</strong> gran<strong>de</strong>s provações, mesmo antes da <strong>de</strong>vida<br />

recompensa, produzem frutos e que os inimigos, contra sua vonta<strong>de</strong> nos são úteis.<br />

10. como tristes e, não obstante, sempre alegres.<br />

Os gentios suspeitam que estamos tristes; nós, contudo, não damos atenção ao que<br />

eles pensam, m<strong>as</strong> temos enorme alegria. Ele não disse somente: “alegres”, m<strong>as</strong>:<br />

“Sempre”. “Sempre alegres”, <strong>as</strong>segurou. E o que é capaz <strong>de</strong> causar maior prazer nesta<br />

vida, em que existem tant<strong>as</strong> ocorrênci<strong>as</strong> infelizes?<br />

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