26.03.2018 Views

patrc3adstica-vol-27_2-comentc3a1rio-as-cartas-de-sao-paulo-sao-joao-crisc3b3stomo

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Espírito em nossos corações, como não nos dará os bens futuros? Se <strong>de</strong>u <strong>as</strong> primíci<strong>as</strong> e<br />

o fundamento, a raiz e a fonte, isto é, <strong>de</strong>u-nos o verda<strong>de</strong>iro conhecimento <strong>de</strong> si e a<br />

comunhão com o Espírito, como não nos há <strong>de</strong> conce<strong>de</strong>r também o que daí se origina?<br />

Efetivamente, se foram transmitidos os primeiros bens por causa <strong>de</strong>stes últimos, muito<br />

mais o doador <strong>de</strong>les nos conce<strong>de</strong>rá também os futuros. E se também <strong>de</strong>u aqueles aos<br />

inimigos, muito mais outorgará os outros aos amigos. Em consequência, não disse<br />

simplesmente: Espírito, m<strong>as</strong> <strong>de</strong>nominou-o penhor, a fim <strong>de</strong> conceberes confiança a<br />

respeito do conjunto. Se não quisesse dar tudo, não teria <strong>de</strong>cidido oferecer o penhor, e<br />

<strong>de</strong>ixar que se per<strong>de</strong>sse em vão, inutilmente. Vê, porém, a honestida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paulo. O que<br />

importa, diz ele, dizer que não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> nós a veracida<strong>de</strong> d<strong>as</strong> promess<strong>as</strong>? Ou melhor,<br />

o fato mesmo <strong>de</strong> permanecer<strong>de</strong>s firmes e estáveis não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> nós, m<strong>as</strong> é benefício<br />

<strong>de</strong> Deus: “Aquele que vos fortalece... é Deus”. Não somos nós que vos sustentamos,<br />

porque nós também precisamos <strong>de</strong> alguém que nos fortaleça. Não há motivo, no entanto,<br />

<strong>de</strong> se julgar que a pregação está periclitando em nós; Deus mesmo <strong>as</strong>sumiu tudo, e ele a<br />

tudo provê.<br />

Qual o sentido da expressão: “nos dá a unção... nos marcou com o seu selo”? Deunos<br />

o Espírito, por ele se realizaram <strong>as</strong> du<strong>as</strong> ações, e <strong>de</strong>ssa forma criou profet<strong>as</strong>,<br />

sacerdotes e reis. Com efeito, ess<strong>as</strong> categori<strong>as</strong> <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> antigamente eram ungid<strong>as</strong>.<br />

Ora, nós obtivemos não apen<strong>as</strong> um, m<strong>as</strong> esses três títulos em melhores condições, pois<br />

havemos <strong>de</strong> usufruir do reino e tornarmo-nos sacerdotes, oferecendo os nossos corpos<br />

como hóstia: “Ofereçais vossos corpos como hóstia viva, agradável a Deus” (Rm 1,14);<br />

além disso, fomos constituídos profet<strong>as</strong>: “O que os olhos não viram, os ouvidos não<br />

ouviram” (1Cor 1,9) foi-nos revelado; aliás, seremos reis se quisermos dominar os maus<br />

pensamentos. Pois tal pessoa reinará, e mais do que um rei cingido com o dia<strong>de</strong>ma. Bem<br />

logo haverei <strong>de</strong> vo-lo <strong>de</strong>monstrar. O rei tem muitos exércitos; ora, nós temos<br />

pensamentos em maior número; não é possível contar a infinita multidão <strong>de</strong> pensamentos<br />

que nos inva<strong>de</strong>m. Não somente po<strong>de</strong>mos abarcar uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>, m<strong>as</strong> também<br />

po<strong>de</strong>mos encontrar nesta turba <strong>de</strong> pensamentos muitos generais, tribunos, prefeitos <strong>de</strong><br />

turm<strong>as</strong>, arqueiros, fun<strong>de</strong>iros. O que mais pertence ao rei? Vestes? Ora, este rei acha-se<br />

provido <strong>de</strong> veste melhor e mais preciosa, que nem a traça rói, nem se g<strong>as</strong>ta com o<br />

tempo. E possui vári<strong>as</strong> coro<strong>as</strong>: a coroa <strong>de</strong> glória, a d<strong>as</strong> misericórdi<strong>as</strong> <strong>de</strong> Deus: “Bendize<br />

ao Senhor, ó minha alma... ele te coroa <strong>de</strong> misericórdia e compaixão” (Sl 103,2.4); a <strong>de</strong><br />

glória: “Coroa-o <strong>de</strong> glória e beleza” (Sl 8,6); a da bene<strong>vol</strong>ência: “Teu favor nos cobre<br />

como um escudo” (Sl 5,13); a da graça: “Será formoso dia<strong>de</strong>ma em tua cabeça” (Pr<br />

1,9). Vês como é variegado e mais atraente esse dia<strong>de</strong>ma? Novamente do início<br />

examinemos mais acuradamente <strong>as</strong> condições dos dois reis. Um domina a sua escolta,<br />

or<strong>de</strong>na a todos e eles lhe obe<strong>de</strong>cem e prestam serviço; m<strong>as</strong> eu te mostrarei um domínio<br />

mais valioso. Quanto à multidão é igual, ou até maior; ultrap<strong>as</strong>sa, porém, se<br />

consi<strong>de</strong>rarmos a própria sujeição. E não me fales dos <strong>de</strong>postos da dignida<strong>de</strong> real, e que<br />

foram trucidados pelos próprios satélites. Não os apresentemos, m<strong>as</strong> procuremos os que<br />

administraram bem o reino <strong>de</strong> amb<strong>as</strong> <strong>as</strong> partes. Traze os que quiseres; eu, contudo,<br />

oporei a todos apen<strong>as</strong> um patriarca (Abraão).<br />

385

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!