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ons e mo<strong>de</strong>rados, e leigos vivam piedosamente, enquanto sacerdotes tenham má<br />

conduta. Não haveria batismo, nem corpo <strong>de</strong> Cristo, nem oblação por meio dos<br />

sacerdotes, se em toda parte a graça reclam<strong>as</strong>se homens dignos. Agora, porém, até por<br />

intermédio <strong>de</strong> indignos Deus costuma agir, e em nada fica prejudicada a graça do batismo<br />

pela vida do sacerdote, porque do contrário o fiel receberia menos. Entretanto, apesar <strong>de</strong><br />

raro, acontece. Digo isso para que nenhum dos presentes, investigando curiosamente a<br />

vida do sacerdote, se escandalize sobre o que se realiza nos mistérios. O homem nada<br />

contribui para essa ação, tudo provém do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Deus e é ele quem vos inicia nos<br />

mistérios.<br />

“Quanto a mim, irmãos, não vos pu<strong>de</strong> falar como a homens espirituais, m<strong>as</strong> tão<br />

somente como a homens carnais. Dei-vos a beber leite, não alimento sólido, pois não<br />

o podíeis suportar.” A fim <strong>de</strong> não parecer o supramencionado ambição <strong>de</strong> honr<strong>as</strong>, a<br />

saber: “O homem espiritual, ao contrário, julga a respeito <strong>de</strong> tudo e por ninguém é<br />

julgado”, e: “Nós, porém, temos o pensamento <strong>de</strong> Cristo” (1Cor 2,15-16), vê como se<br />

exprime, reprimindo o orgulho <strong>de</strong>les: Calei-me, não por não ter mais o que dizer, m<strong>as</strong><br />

porque sois carnais. “M<strong>as</strong> nem mesmo agora po<strong>de</strong>is.”<br />

Por que não disse: Não quereis, m<strong>as</strong>: “Não po<strong>de</strong>is”? Porque disse uma por outra.<br />

Com efeito, não podiam porque não queriam, o que lhes acarretava repreensão e ao<br />

mestre, <strong>de</strong>sculpa. Se, na verda<strong>de</strong>, era natural que não pu<strong>de</strong>ssem, talvez fossem<br />

perdoados; visto que provinha do livre-arbítrio, não tinham <strong>de</strong>sculpa. Em seguida <strong>de</strong>clara<br />

<strong>de</strong> que maneira são carnais:<br />

3. Com efeito, se há entre vós invej<strong>as</strong> e rix<strong>as</strong>, não sois carnais, e não vos comportais<br />

<strong>de</strong> maneira carnal?<br />

Ora, quando podia apontar-lhes a fornicação e a impureza, prefere falar antes do<br />

pecado que se esforça nesse ínterim por corrigir. Se, portanto, a inveja fá-los carnais, a<br />

todos não resta senão penitenciarem-se, com altos gemidos, cobertos <strong>de</strong> saco e <strong>de</strong> cinz<strong>as</strong>.<br />

De fato, quem é isento <strong>de</strong>ste vício? Por mim mesmo, julgo os <strong>de</strong>mais. Se a inveja<br />

produz homens carnais, e não permite que se tornem espirituais, embora profetizem e<br />

operem outros milagres, o que faremos por nós mesmos quando falta tão gran<strong>de</strong> graça, e<br />

não só nestes pontos, m<strong>as</strong> também em outros maiores formos surpreendidos culpados?<br />

Daí <strong>as</strong>segurarmos que Cristo disse com razão: “Quem faz o mal o<strong>de</strong>ia a luz” (Jo 3,20); e<br />

que a vida impura impe<strong>de</strong> a apreensão dos dogm<strong>as</strong> mais sublimes, eliminando da alma a<br />

perspicácia. Como é impossível permanecer <strong>de</strong>sviado quem incorre em erro, no entanto<br />

vive retamente, <strong>as</strong>sim não é fácil àquele que está mergulhado na malda<strong>de</strong>, alçar-se à<br />

altura <strong>de</strong> nossos ensinamentos, m<strong>as</strong> <strong>de</strong>ve purificar-se <strong>de</strong> todos os vícios se quer captar a<br />

verda<strong>de</strong>. Quem, portanto, se libertar dos vícios, igualmente se libertará do erro, e seguirá<br />

a verda<strong>de</strong>. Não penses que b<strong>as</strong>ta não ser avaro, ou não fornicar, m<strong>as</strong> quem procura a<br />

verda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ve ter tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> bo<strong>as</strong> proprieda<strong>de</strong>s. Por isso, diz Pedro: “Verifico que Deus<br />

não faz acepção <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong>, m<strong>as</strong> que, em qualquer nação, quem o teme e pratica a<br />

justiça, lhe é agradável” (At 10,34-35), isto é, ele o chama e atrai à verda<strong>de</strong>. Não vês o<br />

c<strong>as</strong>o <strong>de</strong> Paulo, que era o mais violento dos combatentes e perseguidores? Entretanto,<br />

como levava uma vida irrepreensível, e não agia por paixão humana, foi agradável a<br />

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