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evelar tudo aos profanos. Às vezes, porém, não há diferença entre o sacerdote e o<br />

súdito, por exemplo, na recepção dos tremendos mistérios; pois igualmente todos são a<br />

eles admitidos. Não acontece como no Antigo Testamento em que o sacerdote comia<br />

uma parte e outra o súdito e não era permitido ao povo participar dos alimentos que eram<br />

consumidos pelo sacerdote. Agora, porém, é diferente: é oferecido a todos um só corpo,<br />

um só cálice. Verás que igualmente n<strong>as</strong> preces muito é conferido ao povo. E quanto aos<br />

energúmenos e aos penitentes, o sacerdote e o povo fazem orações em comum; e todos<br />

proferem uma só oração, uma súplica cheia <strong>de</strong> misericórdia. Ainda, quando af<strong>as</strong>tamos do<br />

recinto sagrado aqueles que não po<strong>de</strong>m ser partícipes da sagrada mesa, faz-se outra<br />

oração, durante a qual todos nós nos prostramos e todos conjuntamente nos levantamos.<br />

Quando se <strong>de</strong>ve dar e receber mutuamente a paz, igualmente nos osculamos uns aos<br />

outros. Ainda nos tremendos mistérios, o sacerdote formula votos a favor do povo, o<br />

povo os enuncia pelo sacerdote. Ess<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong>: E com o teu espírito, não significam<br />

outra coisa.<br />

Ainda a ação <strong>de</strong> graç<strong>as</strong> a Deus é comum a ambos; não somente ele dá graç<strong>as</strong>, m<strong>as</strong><br />

também o povo inteiro. Pois, primeiro ele eleva a voz e todos dão <strong>as</strong>sentimento <strong>de</strong> que é<br />

digno e justo, então começa a ação <strong>de</strong> graç<strong>as</strong>. Por que te admir<strong>as</strong> <strong>de</strong> que com o<br />

sacerdote por vezes fala o povo, se até em comum com os querubins e Virtu<strong>de</strong>s celestes<br />

sobem ao céu os hinos sagrados? Tudo isso eu o digo, para que cada qual, mesmo os<br />

súditos, esteja vigilante. Entendamos que todos somos um só corpo, e a diferença entre<br />

nós é igual à que existe entre os membros. Por conseguinte, não joguemos todo o peso<br />

sobre os sacerdotes; ao contrário, preocupemo-nos com o conjunto da Igreja, que é um<br />

só corpo. Teremos então mais segurança e alcançaremos maior progresso na virtu<strong>de</strong>.<br />

Escuta como no tempo dos apóstolos os que presidiam frequentemente se aconselhavam<br />

com os que os cercavam. Com efeito, ao criarem os sete diáconos, houve prévia<br />

participação do povo; e quando Pedro escolheu Mati<strong>as</strong>, tratou do <strong>as</strong>sunto com os<br />

presentes, homens e mulheres. Os que presi<strong>de</strong>m não sejam orgulhosos, nem os súditos<br />

sejam servis. M<strong>as</strong> o governo é espiritual, e quem ocupa o posto mais alto <strong>as</strong>sume<br />

maiores trabalhos e solicitu<strong>de</strong> pela vossa salvação; não está à procura <strong>de</strong> maiores honr<strong>as</strong>.<br />

Efetivamente todos <strong>de</strong>vem habitar na Igreja como numa só c<strong>as</strong>a, e <strong>de</strong>vem se consi<strong>de</strong>rar<br />

membros <strong>de</strong> um só corpo. O batismo é um só, a mesa só uma, a fonte uma só, a criação<br />

é só uma, e o Pai é um só. Por que então estamos separados e <strong>de</strong>sunidos se temos tantos<br />

vínculos <strong>de</strong> máxima união? Entretanto, somos obrigados a <strong>de</strong>plorar mais uma vez o que<br />

tanto nos causou. É lamentável, efetivamente, o estado atual. Estamos tão separados uns<br />

dos outros, quando <strong>de</strong>víamos imitar, ao invés, a agregação num só corpo. Assim o maior<br />

po<strong>de</strong>ria obter algum proveito até da parte <strong>de</strong> um menor. Pois, se Moisés apren<strong>de</strong>u do<br />

sogro algo <strong>de</strong> útil que não percebera, não po<strong>de</strong>ria tanto mais isso acontecer na Igreja?<br />

Qual o motivo por que um homem espiritual não percebe o que o infiel entendia? Tal<br />

sucedia no intuito <strong>de</strong> que o povo enten<strong>de</strong>sse que Moisés era apen<strong>as</strong> um homem, e<br />

precisava do auxílio <strong>de</strong> Deus para dividir o mar e romper o rochedo. Aqueles milagres<br />

não provinham da natureza humana, m<strong>as</strong> <strong>de</strong>viam ser imputados ao po<strong>de</strong>r divino. Agora<br />

ainda, se alguém proferir uma sentença que não é proveitosa, um outro se levante e fale.<br />

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